Galeria dos Mártires - Massacre de Alto Valle
MASSACRE DE ALTO VALLE
BOLÍVIA * 29/01/1974
Os camponeses bolivianos foram vítimas de uma situação
econômica desesperadora, durante o governo de Banzer.
Pediram soluções mais seus apelos não foram ouvidos
e sua paciência se esgotou.
No alto Valle decidiram bloquear, pacificamente, a estrada
de Cochabamba-Santa Cruz, em sinal de protesto. Acharam que só assim seriam
escutados. Não queriam fazer provocações e tudo parecia mais uma festa:
dividiam a comida que haviam trazido e o som dos “pututus”* e das sanfonas alegravam a noite.
Os paroquianos de vários povoados vinham visita-los
e celebravam a missa na estrada.
O bloqueio foi crescendo ao longo de cem
quilômetros. Eram quase 20.000 os camponeses engajados e trezentos veículos
presos.
O governo mostrou-se inflexível. Finalmente o
presidente mandou um general para dialogar com eles. Este, depois, de ouvi-los,
voltou a La Paz disposto a interceder em seu favor. Tarde demais, porém. Uma coluna
do exército avançou com tanques, caminhões e uma tropa fortemente armada.
Os camponeses pensavam que quem estava chegando era
o presidente. Uma vez frente a frente permaneceram imóveis. Um oficial os
insultou e uma mulher atirou nele uma pedra. Foi a faísca que desencadeou o
ataque feroz.
Estendeu-se o massacre ao longo das estradas de
Cochabamba-Oruro, La Paz-Oruro e Sucre-Cochabamba, regando-as com sangue de
mais de 200 camponeses cuja voz, mais uma vez, foi silenciada pelas
metralhadoras.
* pututu:
instrumento musical de convocação usado, até hoje, nhoque foi o Império dos
Incas.
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada,
a partir do livro: Sangue Pelo Povo.
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