Galeria dos Mártires - Chacina de Unaí

CHACINA DE UNAÍ
Mártires da Justiça
UNAÍ-MG * 28/01/2004

A Chacina de Unaí ocorreu na cidade de Unaí, Minas Gerais, em 28 de janeiro de 2004, quando quatro funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego foram assassinados na região, durante uma fiscalização de rotina em fazendas.

Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram executados a tiros, enquanto se preparavam para uma fiscalização em fazendas de feijão da zona rural da cidade, suspeitas de contratarem trabalhadores irregularmente. Os quatro foram atacados quando estavam dentro de uma caminhonete, que fora interceptada pelos pistoleiros, segundo a acusação. As vítimas morreram no local.

Os auditores foram assassinados a mando do fazendeiro Norberto Mânica, apelidado de o "Rei do Feijão", e do empresário cerealista José Alberto de Castro que foi quem intermediou a contratação dos executores.

Os três executores dos assassinatos a mando de Norberto Mânica e por intermédio de José Alberto, foram: Rogério Allan Rocha; Willian Gomes de Miranda, e Erinaldo de Vasconcelos Silva. 

O fazendeiro Norberto Mânica, apelidado de o "Rei do Feijão", foi condenado nesta sexta-feira (30/10/2015) a 100 anos de prisão como o mandante da morte de três auditores fiscais e de um motorista do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O julgamento ocorreu na sede da Justiça Federal, em Belo Horizonte (MG).

Para estabelecer o tempo de prisão, o juiz federal Murilo de Almeida descontou dos 100 anos o período no qual ele havia ficado preso. Assim, a pena de Mânica ficou em 98 anos, seis meses e 24 dias.

O empresário cerealista José Alberto de Castro também foi condenado pela acusação de ter exercido o papel de intermediário na contratação dos executores dos assassinatos e pegou uma pena de 96 anos, 10 meses e 15 dias de cadeia. Descontado o período no qual ele passou preso, a pena seria de 96 anos, cinco meses e 22 dias.

De acordo com as leis brasileiras, um condenado só pode cumprir 30 anos de prisão. O corpo de jurados foi formado por quatro mulheres e três homens. Como ainda cabe recurso, Mânica e Castro poderão recorrer em liberdade, de acordo com decisão do juiz federal Almeida. Os réus não podem deixar o País e terão de entregar os passaportes à Justiça.

Durante seu interrogatório, feito nesta quinta-feira (29), José Castro confessou sua participação no crime, mas apenas do fiscal Nélson José da Silva. O advogado dele já havia sinalizado que o cliente faria a confissão.

Apesar de negar relacionamento com Mânica, Castro afirmou que teve conhecimento, por meio de Hugo Pimenta, delator da chacina, de um interesse do fazendeiro na morte de ao menos um dos fiscais.

Por sua vez, Norberto Mânica negou participação no crime. Anteriormente, já havia sido apontado como sendo o mandante por Pimenta. Antério Mânica, irmão de Norberto e também réu no processo, começara a ser julgado no próximo dia 4 de novembro.
Pimenta teve o processo desmembrado e a data de julgamento dele passou para o dia 10 de novembro. Por ele ter colaborado com a Justiça, segundo seu advogado, não seria correto julgá-lo juntamente com os demais acusados.

O Ministro do Trabalho e Emprego, Miguel Rosseto, assistiu ao primeiro dia do julgamento na sede da Justiça Federal, na capital mineira. As viúvas das vítimas também participaram das sessões, mas somente duas delas deram depoimentos durante as sessões.

Elba Soares da Silva, viúva do fiscal Nélson José da Silva, disse que o marido relatou, na véspera do seu assassinato, o temor de ser baleado em razão do seu trabalho.
Emboscada

Após os crimes, Antério Mânica, irmão de Norberto, elegeu-se prefeito da cidade mineira por dois mandatos [2005 a 2012] pelo PSDB. O julgamento de Norberto, conhecido na região como o "Rei do Feijão", e dos dois outros acusados, estava previsto para ser realizado em setembro de 2013, mas a defesa conseguiu adiá-lo após ter entrado com pedido de habeas corpus para que fosse transferido para Unaí. Esse recurso foi rejeitado.

No entanto, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em abril de 2015, decidiu que o julgamento seria realizado pela Justiça Federal, em Belo Horizonte.

Outros três réus foram condenados pela Justiça Federal, em 2013, pela morte dos funcionários federais. Apontados como executores dos assassinatos, Rogério Allan Rocha Rios foi condenado a 94 anos de prisão; Willian Gomes de Miranda recebeu uma pena de 56 anos. Erinaldo de Vasconcelos Silva, que delatou os outros dois e confessou participação nas mortes, foi beneficiado por uma delação premiada e apenado com 76 anos e 20 dias de prisão. No entanto, pela legislação brasileira, a pena máxima que um condenado pode cumprir é de 30 anos. 

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada,
a partir de pesquisa na internet. 

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