Galeria dos Mártires - Monsenhor Ramón Pastor Bogarín Argaña
Bispo e Profeta dos Pobres
PARAGUAI * 03/09/1976
Monsenhor Ramón Pastor Bogarín Argaña é lembrado
pelos paraguaios como defensor dos direitos humanos e por seu trabalho com os
oprimidos como líder da Ação Católica. Monsenhor Bogarín representa o espírito
do Vaticano II e Medellín no Paraguai, um país pobre dominado pela ditadura
militar de Alfredo Stroessner por trinta e cinco anos.
Sua “opção pelos pobres” era realizada em seu
trabalho com a Ação Católica, e começou a cerca de vinte anos antes do chamado
do Papa João XXIII, para o Concílio Vaticano II, de que a Igreja era uma
“Igreja dos pobres”. Seu caráter não era de natureza política, mas como um
ativista dos direitos humanos no Paraguai, e por isso tornou-se inimigo do
Estado por se atrever a ir contra o governo.
Ramon Pastor Bogarín Argaña nasceu em 30 de março
de 1911 em Ypacarai, Paraguai, cerca de 40 quilômetros da capital paraguaia,
Assunção. Ele fez seus estudos primários em Ypacarai e secundário em Assunção.
Em 1930, ingressou no serviço militar no Cuerpo de Aspirantes a Oficiales de
Reserva e recebeu a patente de Sub-oficial de artilharia. Entrou para a
Faculdade de Medicina da Universidade Nacional, onde estudou por um ano. Estava
insatisfeito com as inquietações vocacionais, e sua família o enviou para a
França, onde começou os estudos na Faculdade de Engenharia Mecânica em Paris.
Ainda insatisfeito com esta nova carreira, entrou
no Seminário para vocações tardias em San Ilan, França, e de lá foi para
Pontifício Colégio Pio Latino-Americano em Roma, onde permaneceu sete anos. Sua
vida como seminarista em Roma coincidiu com a expansão da Ação Católica na
Itália, e Bogarín foi influenciado por Monsenhor Civardi, mestre de
espiritualidade e organização da Ação Católica. Graduou-se Bacharel em Direito
Canônico e Teologia, foi ordenado sacerdote em Roma em 1938.
O início da Segunda Guerra Mundial o fez voltar
para o Paraguai em 1939, e em dezembro do mesmo ano, foi nomeado Vice-Assessor
Eclesiástico do Conselho Central da Ação Católica e Reitor do Oratório de Nossa
Senhora da Assunção e Panteão Nacional dos Heróis. Em 1940, ele foi nomeado
Diretor Nacional da Pia União do Clero e Diretor do Ofício Catequético
Arquidiocesano. Em 1941, um decreto do Episcopado o nomeou Diretor Geral da
Ação Católica do Paraguai. Em 1947 ele fundou e dirigiu os trabalhos de um
jornal de orientação Social-cristão.
No ano de 1957, o Vaticano anunciou a criação da
Diocese de San Juan Bautista de las Missiones e a nomeação de Monsenhor Bogarín
como seu Bispo Residencial. Em 1961, ele foi escolhido para ser Delegado do
Episcopal Paraguaio para o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM). Em
1962, participou da primeira sessão do Concílio Vaticano II e o elegeram membro
da Comissão Conciliar de Seminários e Escolas Católicas. Participou de todas as
sessões do Concilio e, no final do Concílio, o Santo Padre o nomeou membro da
Comissão pós-conciliar de Educação Cristã.
Foi eleito Vice-Presidente da Conferência Episcopal
do Paraguai e Presidente das Comissões Episcopais para os Seminários e as
Vocações e do Apostolado dos Leigos, em 1966. Na Segunda Conferência Geral do
CELAM, em Medellin, em 1968, ele presidiu a Comissão para a Juventude. Em 1969
ele foi eleito Presidente da Conferência Episcopal do Paraguai, cargo que
ocupou por três anos, e Presidente dos Departamentos de Pastoral de Conjunto e
Comunicações Sociais.
Lembrado pelos paraguaios por seu trabalho com a
Ação Católica, cujo contato com diferentes grupos sociais apresentou uma ameaça
para o regime repressivo de Stroessner. Embora colegas de Bogarín falassem da
postura anticomunista do bispo, Stroessner o acusou de ser comunista “para
sufocar e reprimir qualquer tentativa de reivindicar direitos humanos e da
justiça social”. No entanto, Bogarín rejeitou quase com fúria as acusações de
comunista lançadas pela imprensa oficial contra as suas amadas Ligas Agrárias,
e saia sempre em defesa dos líderes camponeses.
Monsenhor Bogarín morreu repentinamente em sua casa
aos 65 anos de idade no dia 03 de setembro de 1975, quando a repressão da
ditadura militar do Presidente Stroessner era particularmente cruel com as
Ligas Agrárias Cristãs fundadas ele. Sua figura carismática e profética ainda
prevalece na Igreja paraguaia. É lembrado com especial carinho por aqueles que
o conheciam, evidenciado pelos testemunhos escritos no livro, Monseñor Ramón
Bogarín Argaña-Testimonios.
Abaixo um vídeo com música em homenagem ao Monsenhor Bogarín, cantado por Willian Pérez.
https://youtu.be/ME20Jaac-_M
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.
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