Galeria dos Mártires - Maria Lucia do Nascimento
MARIA LUCIA DO NASCIMENTO
Mártir da Terra e da Justiça
UNIÃO DO SUL-MT * 13/08/2014
Maria Lucia foi presidenta do Sindicato dos
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de União do Sul, município de Mato Grosso,
liderança sindical atuante na defesa intransigente dos direitos dos
trabalhadores e trabalhadoras rurais. Era assentada na Gleba Macaco, terras
reconhecidas legalmente como terra pública da União, onde coordenava a luta
pela regularização do Assentamento com mais vinte e cinco famílias de
trabalhadores e trabalhadoras rurais.
As ameaças de morte já vinham sendo feitas
publicamente pelos capangas e pelo fazendeiro Gilberto de Miranda, pretenso
proprietário da área. Prova disso foi por ocasião da entrega da Certidão pela
Justiça informando sobre o não cumprimento da Liminar, o fazendeiro Gilberto
Miranda, bradou em alto e bom som “que destas terras só sairia morto e que
estava pronto para uma batalha, tanto pra morrer quanto pra matar” ao mesmo
tempo em que expulsava os servidores da justiça, disse que “todos que entrarem
naquelas terras sem prévia comunicação ou sem a sua autorização estariam
correndo risco, pois segundo ele, aquelas terras estariam bem protegidas por
homens fortemente armados”.
A sindicalista se tornou alvo de ameaças pelos
fazendeiros da região em razão de sua firme atuação na presidência do Sindicato,
focada na defesa de trabalhadores rurais que lutam pela terra, fato que
contrariou fortemente os interesses de invasores de terras públicas da União,
mas, mesmo com as ameaças, Maria Lucia continuou firme na luta, porém calaram
sua voz de forma covarde.
Maria Lucia que morava no assentamento Nova Conquista 2, no mesmo município,
foi morta com três tiros fatais na última quarta-feira 13 de agosto de 2014, às 14 horas.
Esse assassinato explicita a violência com que os
representantes do agronegócio reagem ante a possibilidade da criação de
projetos de assentamentos e/ou regularização fundiária de milhares de famílias
trabalhadoras rurais em todo o país. Reagem como verdadeiros agrobandidos, que
para manter seus interesses, não têm escrúpulos em destruir vidas.
O que nos entristece, e causa revolta, é ausência
de ações efetivas do Estado para coibir a violência, pois as ameaças já haviam
sido denunciadas, mas a certeza da impunidade, que é o combustível que alimenta
a escalada da violência no campo, encorajou-os cumprirem as ameaças.
Exigimos proteção para os companheiros e
companheiras que continuam na luta e uma investigação rápida para a punição,
tanto dos executores quanto dos mandantes desse crime bárbaro.
Reafirmamos que a solução definitiva dos
conflitos pela posse da terra é a realização de uma reforma agrária, ampla, massiva, capaz de democratizar a propriedade da terra e criar bases para a
construção da mudança do atual modelo de desenvolvimento que é excludente,
predatório, concentrador da terra, da renda e do poder por um modelo
sustentável e solidário.
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada,
a partir de pesquisa na internet.
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