Galeria dos Mártires - Ir. Alfredo Fiorini

Ir. ALFREDO FIORINI
Mártir da Solidariedade
MOÇAMBIQUE * 24/08/1992

Em vez de prosseguir uma carreira profissional de sucesso na Marinha, o jovem italiano Alfredo Fiorini optou por ser missionário e médico. Morreu em Moçambique, vítima de uma emboscada, há precisamente vinte e três anos.
  
Desde muito pequeno ouvia em casa a sua mãe rezar pelas vocações, até que um dia o pequeno Alfredo perguntou à mãe: «Como é que Deus chama? Como é a sua voz?» Era o princípio de uma aventura na descoberta da sua vocação. Aos 18 anos, participou num campo de férias para jovens, em Florença, Itália. Com outros jovens percorria as ruas da cidade a recolher papel e ferro velho para depois vender, sendo os lucros da venda destinados a financiar a construção de casas no Bangladesh.

Depois da escola secundária, ingressou na Faculdade de Medicina, com o sonho de vir a ser médico em algum país africano. Estudioso e responsável, terminou o curso de Medicina com notas altas. Passou pela Marinha para cumprir o serviço militar, onde conheceu um grupo de voluntários missionários vocacionados para trabalhar em países do Terceiro Mundo. Esta experiência foi providencial na tomada de decisão sobre o futuro da sua vida. Assim, recusou uma proposta de prosseguir a carreira militar e decidiu entrar no Instituto dos Missionários Combonianos com o intuito de se tornar missionário. O médico Fiorini foi aceito no seminário em outubro de 1982, em Florença, Itália.

Médico e Irmão

Inicialmente pensou ser sacerdote, mas depois de ter conhecido o continente africano durante experiências de missão em Uganda e Quênia, Alfredo percebeu que o Senhor o chamava a ser Irmão, ou seja, a anunciar o Evangelho de Jesus exercendo a sua profissão de médico.

Após uma breve passagem por Lisboa para aprender português, chegou a Moçambique em 1991. O Irmão Alfredo foi trabalhar em um hospital público, semidestruído pela guerra civil que assolava no país. Dedicou-se à reconstrução do hospital mais do que a fazer cirurgias ou atender doentes. Apesar do trabalho imenso que tinha pela frente sentia-se feliz: «Nos próximos meses terei muito trabalho, mas estou feliz. Não poderei exercer de imediato a minha profissão de médico, porque o hospital para onde estou destinado foi destruído há três anos pelos guerrilheiros, mas não importa. Significa que antes de ser cirurgião serei pedreiro e carpinteiro...». 

A única coisa que o preocupava era fazer depressa, porque havia uma extrema necessidade de alguém que cuidasse da saúde dos pobres, abandonados após 17 anos de guerra civil.

Fim de uma vida

No dia 24 de agosto de 1992, enquanto regressava de uns dias de descanso, Alfredo Fiorini foi atingido por uma rajada de balas. Aos 38 anos, caía o médico e missionário em terras moçambicanas destroçadas pelo ódio da guerra que também vitimou o Irmão. Passados vinte e três anos da sua morte, permanece o seu exemplo de entrega e audácia para os mais jovens.  

Texto elaborado por, Pe. António Carlos, Missionário Comboniano.

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