Galeria dos Mártires - Pe. Antônio Henrique Pereira da Silva Neto
PE. ANTONIO HENRIQUE PEREIRA DA SILVA NETO
Mártir da Juventude
RECIFE – PE * 26/05/1969
Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, nascido no
Recife em 28 de outubro de 1940, primeiro dos doze filhos de José Henrique
Pereira da Silva Neto e Isaíras Pereira da Silva, ordenou-se sacerdote na
Matriz Nossa Senhora do Rosário da Torre, por Dom Helder Câmara, aos 25 anos de
idade.
Sociólogo e professor, trabalhou nos colégios
Marista, Nóbrega e Vera Cruz, na Escola Técnica do Derby e na Faculdade de
Ciências Sociais, além de ensinar no Juvenato Dom Vital e na Cúria
Metropolitana do Recife.
Na vida religiosa se dedicava aos jovens. Tratava
de assuntos que interessavam à juventude, como o conflito de gerações e as
drogas, procurando despertar uma visão mais humana e consciente da sociedade.
Como coordenador da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Olinda e do Recife
participou de encontros juvenis em âmbito diocesano, regional, nacional e
internacional.
No seu trabalho com jovens também mantinha contato
com estudantes cassados e destacava-se por ser um grande opositor aos métodos
de repressão utilizados pelo Regime Militar, o que lhe rendeu várias ameaças
vindas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Como não se rendia, padre
Henrique pagou com sua vida.
Na noite de 26 de maio de 1969, depois de
participar de uma reunião com grupo de jovens católicos, no bairro de
Parnamirim, foi sequestrado numa rural verde escura. Seu corpo foi encontrado,
na manhã do dia seguinte, num matagal na Cidade Universitária, com marcas de
espancamento, queimaduras, cortes profundos por todo o corpo e ferimentos
produzidos por arma de fogo.
O assassinato causou grande revolta e comoção. O
enterro reuniu milhares de pessoas em um cortejo que saiu da Igreja do
Espinheiro para o Cemitério da Várzea. A caminhada foi interrompida duas vezes
pela polícia devido a faixas de protesto que os estudantes levavam. Uma delas,
conduzidas por Umberto Câmara Neto, líder estudantil, dizia: "A Ditadura
Militar matou o Padre Henrique". Retiradas as faixas, a multidão fez todo
o percurso cantando o hino "Prova de amor maior não há que doar a vida
pelo Irmão" .
Alguns dias depois do assassinato foi criada uma
Comissão Judiciária de Inquérito, que seguiu várias linhas de investigação,
crime passional, por drogas, político. A mãe do Padre Henrique, Dona Isaíras,
passou 20 anos lutando para a finalização desse inquérito, acusando agentes da
Secretaria de Segurança Pública.
Mesmo com a luta por justiça o inquérito foi
arquivado e mantido como segredo de Justiça. Ninguém foi condenado, apesar das
testemunhas e das provas apresentadas.
O assassinato do Padre Henrique foi um dos grandes pilares
para a deteriorização da relação entre Igreja e militares, já desgastada
pelas constantes críticas de Dom Helder ao regime militar. A morte de um membro
eclesiástico tão próximo a Dom Helder sugere a possibilidade de uma ação
retaliadora para "calar" as denuncias do arcebispo.
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.
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