Galeria dos Mártires - Irmã Irene Mc'Cormack, rsj
IRMÃ IRENE MC'CORMACK e Companheiros
Mártires pela causa da Paz
Mártires pela causa da Paz
PERU * 21/05/1991
Irene Mc'Cormack afirmava ser uma
menina vibrante, determinada e divertida. Foi educada pelas Irmãs de São José,
em um colégio interno, em Santa Maria College, em Attadale Austrália Ocidental,
onde ela disse ter desenvolvido seus dois grandes amores: servir a Deus e
educar os jovens. Com a idade de 15, decidiu que queria ser
freira. Ela se juntou às Irmãs de São José do Sagrado Coração em 1956 e passou alguns anos ensinando
em áreas rurais da Austrália Ocidental
Após 30 anos de ensino em escolas
australianas irmã Irene tomou a decisão de que queria servir os mais pobres e
marginalizados, e seguiu em missão para o Peru em 1987 para uma obra
missionária. O primeiro trabalho de Irene foi em El Pacifico, um subúrbio
de baixa renda, em San Juan de Miraflores, Lima e Santa de Perola no Distrito
de San Martín de Porres. Em 26 de junho de 1989, Irene continuou seu
serviço missionário em Huasahuasi, na Cordilheira dos Andes a cerca de 200 km
de Lima, junto com sua companheira, a irmã Dorothy Stevenson, assumindo a
supervisão e distribuição de bens de emergência da Caritas Peru.
Irene organizou bibliotecas para as
crianças pobres, que não tinham chance de obter livros para auxiliar na sua
lição de casa. Ela também treinou ministros extraordinários da Sagrada
Comunhão, e incentivava que fizessem visitas aos paroquianos em bairros
periféricos.
Em 17 de dezembro de 1989, os
sacerdotes de Huasahuasi foram avisados de que eles estavam correndo perigo,
sendo ameaçados pelo grupo guerrilheiro de Sendero Luminoso, e que eles e as
duas irmãs deixassem a aldeia, que fossem para Lima. Irene, no entanto,
sentiu que a igreja não podia abandonar os moradores naquele momento e voltou para
a região em 14 de janeiro de 1990. Durante esse tempo, sem sacerdote
residente, as irmãs Irene e Dorothy Stevenson continuaram servindo ao
povo, na vida espiritual, com os serviços litúrgicos e catequéticos
bem como na educação e alimentação.
Na noite de 21 de maio de 1991, um
grupo de guerrilheiros de Sendero Luminoso entraram na aldeia, ameaçaram
os moradores e saquearam casas, aterrorizando o povo. Quatro homens foram
retirados de suas casas e levados para a praça central da
cidade. Eram eles: o professor da Faculdade de Agricultura da
Comunidade, Ruban Palacios Blancas, 54; o ex-vice-prefeito, Alfredo
Morales Torres, de 56 anos; um membro do comitê da cidade vigilante, Pedro
Pando Llanos e o delegado para a comissão Agustin Bento Morales, 50.
Os guerrilheiros também foram para o
convento onde a irmã Irene estava sozinho, pois a irmã Dorothy estava em Lima
para um tratamento médico. Eles ameaçaram explodir a porta do convento se
ela não saísse, estando fora do convento ela foi levada para juntos dos
quatro homens na praça central.
Durante uma hora as cinco vítimas
foram interrogadas, julgadas e condenadas à morte. A população local
intercedeu por suas vidas, dizendo que estas eram boas pessoas, não
malfeitores. Mas Sendero Luminoso respondeu que não tinha vindo para um "diálogo", mas sim para "realizar uma sentença".
Os crimes cometidos pela irmã Irene e
companheiros, eram por ela estar alimentando os pobres e educando as crianças
locais. Foi acusada de distribuir "comida
americana" (oferecida pela Caritas) e espalhando "ideias americanas" por fornecer livros escolares.
O povo insistia em dizer que irmã
Irene era australiana, não americana, porém a guerrilha rejeitou isso como
irrelevante.
Durante a noite, um grupo de jovens
da aldeia se reuniram em torno Irene na escuridão e conseguiu levá-la de volta
para a multidão. Mas os guerrilheiros logo percebeu sua ausência e
voltou-a para o banco na praça central. Os cinco presos foram obrigados a se deitarem
de bruços sobre o chão da praça. Irmã Irene foi a primeira a
ser executada, com um tiro na parte de trás da cabeça por uma
menina-soldado, cerca de seis metros da porta da igreja, em seguida os
quatro homens.
Uma vez que os corpos não puderam ser
removidos da praça até que as autoridades dessem permissão, os paroquianos
mantiveram-se em vigília à luz de velas e rezando. Em seguida, um
grupo de mulheres a deitou fora na sacristia e fez por ela o que suas famílias
fizeram para os homens mortos com ela. Em 23 de Maio de 1991, uma missa
fúnebre foi realizada e Irene foi enterrada no cemitério Huasahuasi, em um
nicho doado por um paroquiano.
Após mais 24 anos desde a sua morte,
o nome de irmã Irene Mc'Cormack tem sido homenageada em
muitas obras em favor da vida. A cada ano as irmãs de São José fazem
memória do seu martírio, realizando uma semana de direitos humanos.
Superiora de sua congregação, irmã
Anne Derwin, em vista a aldeia onde as freiras continuam seu trabalho missionário a exemplo da irmã Irene, disse que
o esforço para que a santidade de Irmã Irene seja reconhecida, seria
encaminhada pelo Bispo de Tarma, no Peru.
Disse o Bispo que as pessoas precisam
de novos modelos de santidades e que o povo já declarou a santidade de irmã
Irene. “Eles a chamam de santa Irene. Tem
foto dela em cima do muro da cidade. E até hoje, as pessoas colocam flores em
seu túmulo todos os dias”.
O irmão de Irene, John Mc'Cormack, está ciente
do longo processo para a canonização de sua irmã e disse que ele ficaria orgulhoso se
sua irmã torna-se uma santa.
“Seria muito significativa para a família. Mas, em
certo sentido, nós já a consideramos santa, assim como o povo também a considera,
mas esperamos que ela seja reconhecida oficialmente pela Igreja e tenha um
lugar reservado em seus altares”.
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.
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