Galeria dos Mártires - Irmã Dorothy Mae Stang
IRMÃ DOROTHY MAE STANG
Mártir da Ecologia
ANAPU – PA * 12/02/2005
Irmã Dorothy Mae Stang era uma religiosa
norte-americana naturalizada brasileira. Pertencia às Irmãs de Nossa Senhora de
Namur, congregação religiosa fundada em 1804 por Santa Julie Billiart
(1751-1816) e Françoise Blin de Bourdon (1756-1838). Esta congregação católica reúne mais de duas mil mulheres que realizam trabalho pastoral
nos cinco continentes.
Ingressou na vida religiosa 1948, emitiu seus votos
perpétuos – pobreza, castidade e obediência em 1956. De 1951 a 1966 foi
professora em escolas da congregação: St. Victor School (Calumet City,
Illinois), St. Alexander School (Villa Park, Illinois) e Most Holy Trinity
School (Phoenix, Arizona).
Em 1966 iniciou seu ministério pastoral e social aqui no Brasil, na cidade
de Coroatá, no Estado do Maranhão. Irmã Dorothy estava presente na Amazônia de
a década de 70 junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade
pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de
reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da área da
rodovia Transamazônica.
Seu trabalho focava-se também na minimização dos
conflitos fundiários na região. Atuou ativamente nos movimentos sociais no
Pará. Participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) desde a sua fundação e acompanhou com determinação
e solidariedade à vida e a luta dos trabalhadores do campo. Defensora de uma
reforma agrária justa e consequente, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de
diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções
duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na
Região Amazônica.
A sua participação em projetos de desenvolvimento
sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município
de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do Pará, ganhando
reconhecimento nacional e internacional.
Em 2004 recebeu premiação da Ordem dos Advogados do
Brasil (seção Pará) pela sua luta em defesa dos direitos humanos.
Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem
deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou: "Não vou
fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no
meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde
possam viver e produzir com dignidade sem devastar".
Foi assassinada com seis tiros, um na cabeça e
cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005,
às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil
acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no Estado do Pará.
Segundo uma testemunha, antes de receber os
disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy
afirmou: "eis a minha arma!", e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns
trechos deste livro para aquele que logo em seguida lhe balearia.
No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu
nome associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e
ainda morrem sem ter seus direitos respeitados.
O corpo da Missionária está enterrado em Anapu,
onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes
heroicas da fé cristã.
Irmão Dorothy
Dos longínquos campos do Senhor,
De lá ela chegou
Pra mãe terra fértil,
Que é das mulheres
Que é dos homens
Que é de todos.
Aqui ela aportou.
Pregou, falou, aconselhou.
Andou terra adentro.
Fez nascer a árvore,
Que cobrou a floresta,
Germinou os frutos
De uma Amazônia de Paz.
Falou de Paz antes de tombar.
Quem assistiu irmã Dorathy tombar?
As árvores tão caladas?
Os frutos tão assustados?
Os rios tão parados?
Os peixes encurralados?
As terras vermelhas?
Tão vermelhas...
Tão vermelhas!
Do teu sangue.
Mas, tua voz não se calará!
Jamais, Jamais, Jamais!
Tua voz se multiplicará
Nos que já se foram,
Que hoje estão contigo.
Nós que ficamos
Fortalecidos estamos,
A rimar amor com dor.
Amor pela terra, amor pelo direito a ter direito.
Na dor pela perda, na dor pela luta,
Que enluta tão bruta!
Dorothy vive, viverá em cada uma/um de nós!
Em cada um que gritar:
Terra é de quem precisa!
Vida é a terra!
Terra é a vida!
Salve irmã Dorothy!
Poema escrito
por Fátima Matos - Fórum de Mulheres - 16/02/2005
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