Galeria dos Mártires - Massacre de Guiúa

MASSACRE DE GUIÚA
Catequistas Mártires
MOÇAMBIQUE * 22/03/1992

Memória dos 26 anos do MAssacre de Guiúa

Já nos últimos meses da guerra em Moçambique, África, confiante de que a paz poria fim à guerra, a Diocese de Inhambane, no sul do país, decidira reabrir o Centro Catequético do Guiúa, localizado a 500 km da capital, Maputo, para a formação de famílias de catequistas.

Foram escolhidos em diferentes paróquias duas dezenas de famílias que se disporiam a passar um período de três anos em formação neste centro catequético.

Após se instalarem, as famílias estavam vivendo um ambiente de alegria e expectativa que se iniciava no conjunto de 32 casas destinadas a abriga-las. Arrumadas as bagagens e organizada a acomodação, o dia foi findando entre preparos vários e os ajustes à nova moradia. As crianças e todos os adultos se aquietaram vencidos pelo cansaço e pelo sono, e ansiosos por serem apresentados no dia seguinte à comunidade cristã do Guiúa após a celebração eucarística na Igreja matriz Santa Isabel.

A noite de 22 de março de 1992 se fazia calma e, quando tudo estava já silenciosa e só a luz da lua pairava sobre as casa, um som se ouvia nos caminhos ao redor das casas. Pareciam passos de muita gente, em ritmo apressado.

Na calada da noite um grupo de homens armados invade o centro catequético. Os catequistas acordam com fortes pancadas nas portas e logo os que não abriram, as viram arrombadas com violência. Os obrigaram a sair para a rua sob a ameaça de armas.

Suas casas foram saqueadas e os malfeitores os obrigaram a levar os pertences que lhes haviam roubado.

Sob mira de espingardas, foram obrigados a seguir uma penosa marcha, sob o peso da carga e do medo, num calvário cujo fim desconheciam.

Devido o grande número de raptados, a caminhada se tornou lenta demais, o que causou nervosismo dos assaltantes, que queriam o quanto antes chegar à base dos guerrilheiros da RENAMO (Resistência Nacional de Moçambique), sem serem surpreendidos no caminho.

Depois de 3 km de marcha, num lugar ermo, fizeram a escolha implacável, matar homens, mulheres e crianças, onde seria difícil chamar a atenção. Alguns catequistas ajoelham e rezam, outros afirmam que vieram em paz, estudar para anunciar o Evangelho, semear a paz naquele país de famílias destruídas, dilaceradas pela guerra civil. Porém de nada valeu o apelo dos catequistas por paz.

Foram brutalmente assassinados 23 pessoas, homens, mulheres e crianças. Dos raptados, poucos conseguiram fugir ou sobreviver.

O sangue dos mortos ensopou para sempre o chão de areia do Guiúa, e ergueu bem alto, um silencioso testemunho de fé.

Entre os sobreviventes, um conseguiu escapar e ao chegar à missão do Guiúa, avisou os padres e as irmãs o horror vivido por ele e seus companheiros catequistas. De imediato, os religiosos foram com o sobrevivente até o local do massacre, o horror refletiu-se no rosto deles ao presenciar os corpos amontoados e o pesado cheiro de sangue e de morte.

Os corpos mutilados foram levados para a sede da Missão, que ficou para sempre marcada por esta ferida profunda. Depois foram suputados no Centro Catequético, no alto de uma colina onde ainda hoje jazem e a sua memória é profundamente reverenciada.

Desde o então massacre, o cemitério onde estão sepultados, se tornou um local sagrado, onde acontecem romarias de centenas de cristãos, e na data do massacre se realiza uma solene celebração litúrgica, lembrando estes mártires da fé.
  
O bispo Dom Adriano Langa, ofm, evocando a data de 22/03, proclamou um decreto que cria um Santuário Diocesano dedicando a Nossa Senhora Rainha dos Mártires, com sede no Guiúa. No dia 22 de março de 2012, foi então lido o decreto episcopal, diante de toda a comunidade e celebrada a eucaristia em memória dos catequistas mártires.

Os nomes dos Mártires Catequistas

1.       Ivone Faustino, 9 anos – Inhambane
2.       Cecilia Jamisse, 38 anos – Inhambane
3.       Faustino Cuamba, 45 anos – Inhambane
4.       Albino Thepo, 40 anos – Zavala
5.       Catarina Sambula, 25 anos – Mapinhane
6.       Isabel Foloco, 45 anos – Morrumbene
7.       Benedito Penicela, 50 anos – Morrumbene
8.       Joaquim Marrumula, 55 anos – Jangamo
9.       Verónica Sumbula, 32 anos – Mavamba
10.     Madalena Beme, 50 anos – Guiúa
11.     Deolinda Fernando, 50 anos – Mocodoene
12.     Gina Fernando, 11 anos – Mocodoene
13.     Maria Titose, 32 anos – Guiúa
14.     Rita Leonardo, 8 anos – Guiúa
15.     Arlindo Leonardo, 1 ano – Guiúa
16.     Leonardo Joel, 47 anos – Guiúa
17.     Arnaldo Adolfo, 12 anos – Massinga
18.     Zito Adolfo, 10 anos – Massinga
19.     Luísa Mafo, 40 anos – Massinga
20.     Juvêncio Carlos, 6 meses – Funhalouro
21.     Fatima Valente, 24 anos – Funhalouro
22.     Carlos Mucuanane, 35 anos – Funhalouro
23.     Sussana Carlos, 10 anos – Funhalouro

Texto organizado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada, a partir de leitura do artigo:
Uma página de martírio, de Diamantino Guapo Antunes, Revista Missões, Julho 2012 e consulta na internet.

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