Galeria dos Mártires - Aldemar Rodríguez e Companherios
ALDEMAR RODÍGUEZ e Companheiros
Mártires da Solidariedade entre os Jovens
CÁLI, COLÔMBIA * 15/04/1992
Mártires da Solidariedade entre os Jovens
CÁLI, COLÔMBIA * 15/04/1992
Aldemar Rodríguez, catequista, e companheiros militantes, mártires da solidariedade entre os jovens de Cáli, Colômbia.
Nasceu em 24 de janeiro de 1972 em Pitalito (Huila). Apesar de ter apenas 20 anos quando foi assassinado, ele viveu intensamente o compromisso cada vez mais radical de lutar e praticar a justiça. Sua curta vida foi profundamente marcada pela religiosidade. A busca de Deus aparece como o eixo que define todas a sua caminhada. Porém um Deus que o interpela e que o faz renunciar toda opção egoísta de uma segurança pessoal, e o conduz prioritariamente a fazer um compromisso com os pobres e a buscar uma mudança radical na sociedade.
Em 1º de janeiro de 1990, Ademar tinha escrito este comentário: "Identificar-se com Jesus e com o projeto de vida, significa arriscar a vida pelo Reino".
Em 29 de maio de 1990, Aldemar escrever uma carta a um amigo que diz:
"Devemos estar sempre prontos a dar a vida pelo outros, e me alegro por isso. Porque, quem luta pela vida, pelo amor, pela justiça do mendigo, da criança, estará sempre na mira do projétil assassino (...)
Esperamos a morte que em geral chega das mãos de um sistema corrupto (...).
Ultimamente eu tenho pensado muito sobre o trabalho, sobre a minha responsabilidade. E eu fico com medo, você ouviu. Muitas ocasiões sinto medo, medo de não ser capaz de responder como deve ser e de não saber conduzir as diferentes situações que se vão apresentar. E eu tenho medo de morrer sem ter feito nada ainda, sem poder deixar uma escola, um jardim onde abrigará a todos para esta grande festa do banquete que falta por servir.
De qualquer forma eu quero ir me preparando para quando chegar o momento inesperado. O momento em que dormirei o sono profundo, mas convencido de que Jesus trabalhou para construir também um pátria melhor. Embora seja doloroso falar sobre isso, mas é melhor estar ciente; por isso é bom seguir voando nesta escuridão até poder encontrar o sol. Deve-se sempre dizer: Bem-vinda (mesmo que doa), como você diz a alguém quando chega em sua casa com alegria e com tristeza se vai.
A vida nunca será desamparada, enquanto nós pudermos gritar o suficiente! Não mais! Basta!
E nos levantarmos, gritando, fazendo ...
Bem, até que o sol saia clareando nossos olhos,
Te vejo em breve".
Era a semana da Páscoa. Desde domingo de Páscoa os habitantes da aldeia de La Dolores (jurisdição de Palmira, Valle) tinham visto um cadáver flutuando nas águas do rio Cauca, mas não se atreveu a remover. Como tal achados eram frequentes, a experiência disse-lhes que "isso causaria problemas".
Na quarta-feira os trabalhadores qualificados de uma funerária em Buga, depois de calcular as velocidades do fluxo do rio, resgatou o corpo perto do Riofrio. Sua cabeça, apesar de ter sido pressionado entre camadas de plástico, estava quase desfeita, porém podia observar grossas tiras de fita em torno de sua boca. Vários cortes e perfurações no corpo, e um cordão em volta do pescoço, as mãos e pés amarrados com arame, as terríveis torturas a que fora submetido. O médico legista determinou "morte por asfixia".
Oito dias antes, Aldemar estava correndo cedo, como de costume. Ele saiu com pressa para uma reunião. Nunca mais foi visto. No dia seguinte da tal reunião, em vários setores da Cali havia alarme e angústia, pois, várias pessoas estavam desaparecidas. Na quinta a noite foram encontrados quatro corpos, trazidos de El Hormiguero, município localizado no sudoeste Cali, na estrada para Jamundí. Eram quatro homens jovens que haviam desaparecido na quarta-feira enquanto participava de uma reunião no Parque da Saúde, área do Rio Pance na região sudoeste de Cali. Tudo dava a entender que Aldemar também havia estado nessa reunião.
Nos dias seguintes, várias organizações de Cali denunciaram o desaparecimento e morte que sofreram alguns de seus líderes. Na verdade, os jovens desaparecidos na área de Pance eram seis, e cada um militava em organizações de massas: Movimento Cívico do Distrito Aguablanca; Movimento Estudantil; Movimento Negro; Movimento de Mulheres; grupos das comunidades cristão de base, CEBs, e da campanha de 500 anos. Porém, tudo dá a entender também, que alguma militância ou simpatia política os uniam, militância ou simpatia eles guardavam "na reserva" dadas as suas características: eram aparentemente militantes ou colaboradores próximos da Renovação Socialista, um grupo que tinha se desmembrado do Exército de Libertação Nacional, em busca de um exercício político completo, e já tinha começado negociações com o governo.
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.
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