Galeria dos Mártires - Ernesto Pill Parra

ERNESTO PILL PARRA
Mártir da Paz e da Justiça
COLÔMBIA * 01/04/1982


Ernesto Pill Parra, 22 anos de idade, camponês, vivia em Bellavista, no município de San José del Fragua, Caquetá. Era o mais velho de quatro filhos e trabalhava para ajudar sua mãe e seus irmãos. Participava das CBE's, Comunidade Eclesiais de Base, um leitor regular do Evangelho, sobre o qual construiu os alicerces espirituais de sua vida, que se traduziu em opções concretas em favor de seu povo, para enfrentar a realidade injusta e violento da qual viviam.

Em janeiro de 1981, se instalou as unidades militares pertencentes ao Exército Operacional Nº 12 em Caquetá, que com uma "campanha de ordem pública" cometeram muitos crimes e torturas.

Ernesto foi detido em dezembro deste mesmo ano pelos militares na base de San José del Fragua, e sofreu horríveis torturas por 5 dias. Como ele era inocente, depois destes dias de tortura, foi liberado, mas com a obrigação de uma vez por semana se apresentar na base militar. 

Passado algum tempo das apresentações na base militar, lhe foi proposto 3 alternativas: Tornar-se um parceiro do Exército, em um grupo de "contraguerrilha"; juntar-se aos guerrilheiros para ser "morto em combate"; ou esperar a morte. Eram estas as mesmas medidas que os militares tomavam com outros camponeses da região.

A luz do Evangelho e de maneira simples e transparente, tipico de um camponês cristão, ele enfrentou esta encruzilhada, rejeitou a pressão de colaborar com o exército, não queria ser cúmplice da injustiça. Não queria fazer parte de falsas alegações para prejudicar os camponeses, muito menos que fossem assassinados ou desaparecidos injustamente. Nem mesmo aceitou a sugestão de amigos em fugir da região para poupar sua vida. Decisivamente preferiu permanecer junto de sua mãe e irmãos, pois, eles precisavam de sua ajuda para sobreviverem.

No dia 01 de abril de 1982, Ernesto deveria se apresentar na base militar, porém, um mau pressentimento o assombrava, sentia aproximar-se a sentença de morte, devido sua recusa em atender a intimação feita pelos militares para que colaborasse com eles. Antes de sair de casa, disse à sua mãe: "Mãe, dá-me uma bênção, porque eu acho que eles vão me matar". 

Neste mesmo dia Ernesto desapareceu. O esquadrão da "contraguerrilha" o esperava na curva do caminho, onde ele foi capturado, submetido a cruel tortura e o mataram. Seu corpo foi encontrado cinco dias depois por alguns amigos, já em estado de decomposição e apresentava sinais evidentes de tortura. Ele foi enterrado às pressas na mesma noite por um grupo de amigos que tomaram o cuidado de não serem vistos pelos militares, para não terem o mesmo destino que Ernesto. 

Ernesto viveu heroicamente sua decisão de "não fazer mal a ninguém". Decisão inspirada e fortalecida por sua vivencia do Evangelho e levado até às suas últimas consequências. Compromisso evangélico este que lhe custou a vida. 

A coerência vivida por Ernesto é um belo testemunho martirial. Testemunho este que nos faz lembrar de tantos mártires anônimos, espalhados em sua sofrida Colômbia, que durante todos esses anos de "guerra suja" defenderam com valores cristãos as Causas da Justiça, da Liberdade e da Paz.

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada,
a partir do livro: Aquellas Muertes, de Javier Girardo e pequisa na internet.

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