Galeria dos Mártires - Guillermo Cespedes Siabato
GUILLERMO CESPEDES SIABATO
Mártir da Justiça e da Esperança
COLÔMBIA * 28/02/1985
Guillermo Cespedes Siabato nasceu em Toche (Tolima), em 28 de janeiro de 1954. Desde criança viveu em sua própria carne as carências de todos os pobres e, desde muito cedo descobriu a força do chamado de Jesus de Nazaré. Por sua vez, a sua resposta foi se fazendo efetiva em seu compromisso com os irmãos, nos grupos cristãos em Cali.
Mártir da Justiça e da Esperança
COLÔMBIA * 28/02/1985
Militante por vários anos do Grupo Cristãos pelo Socialismo, descobriu nesta comunidade de irmão a exigência de construir uma sociedade igualitária e fraternal, e foi o que ele desenvolveu em seu trabalho nos bairros pobres de Cali e em alguns sindicatos, onde realizava tarefas educativas de consciencização e organização.
Sua profunda vivência do Evangelho foi como um testemunho em sua defesa mesmo quando ele foi preso em maio de 1979; "Eu sou um cristão fundamentalmente do amor, do amor que alimenta nossa fé e nossa esperança, do primeiro mandamento e o principal, do amor ao povo, do amor pela humanidade, do amor sem interesse nem paternalismo, deste amor que se transforma em compromisso, que se transforma em luta pela causa dos oprimidos (...). Estou convencido de que ser cristão é amar de forma intensa, é amar com esperança, é amar com todo o coração, com toda a sua força, e converter este amor em entrega, em ir até as últimas consequência pelo ser humano, pelo povo".
Guillermo foi preso no dia 10 de maio de 1979, quando saia de uma assembléia do sindicato dos trabalhadores do município, onde trabalhava a mais de três anos. Ele foi levado para o Batalhão Pichincha, onde foi torturado física e psicologicamente por 10 dias, ficando em um estado de muita fragilidade. 25 dias mais tarde, quando foi anunciada uma visita da Cruz Vermelha Internacional, foi encaminhado para a cadeia local para dar a impressão de estava tudo bem, que o processo que se seguiu era legal, que ele e outros presos estavam sendo tratados dignamente.
Esteve preso por quatro anos no carcere de La Picota, em Bogotá, tempo este que lhe permitiu reafirmar seu compromisso cristão e seu amor para com os mais pobres de seu povo.
Durante a "Trégua" ou "Processo de Paz", acordado pelo presidente Betancur, e enquanto Guillermo trabalhava como professor na aldeia de Rionegro (município Corinto, Cauca), foi morto com outros jovens, por um comando do Exército Nacional.
Em 28 de fevereiro, 1985, no período da tarde, enquanto jogava uma partida de futebol com crianças do bairro na escola, foi cercado por soldados, que, em seguida, atirou e matou cinco jovens, incluindo Guillermo. Os autores tentaram colocar nas vítimas uniformes militar, mas a mãe de um deles impediu.
No período de sua prisão em Cali (maio de 1979), ele escrevia poemas, e nos deixou um bonito e impressionante poema, onde quis colocar a sua experiência vivencial da tortura: "Quiseram matar a esperança".
Foi assassinado, mas vive para sempre presente nas lutas do povo.
Quisieron matarnos la Esperanza
Quisieron matarnos la esperanza
robarnos la necesidad de luchar
y junto a los indefensos cuerpos
torturar y eliminar nuestros cimientos de libertad.
Los brazos inmóviles;
ciegos por las vendas:
insomnes.
Los pies aprisionados
la cabeza sumergida
bebimos el agua del pantano
sentimos el bloqueo del ahogado.
(A cambio de sentido éramos presa de alucinaciones y delirios)
Los estómagos fueron saciados
a golpe de manos empuñadas
a golpe de botas militares
a relamidos de res.
(El olor, la boñiga que pisamos, el mugido de rumiantes,
nos decían que habitábamos un establo)
Sonidos metálicos
apretar de gatillos al oído
círculos de hierro, bocas de cañón
en la nuca, el cuello, el abdomen
el temor de los pasos, el terror de las voces.
Afuera la lluvia y los truenos
testigos cómplices de la deshumanización.
Los lamentos, los ayes, los gritos,
el dolor de los huesos, los músculos, el alma,
el golpeteo en el pecho, espalda, coyunturas, nalgas y el cerebro.
Corto circuitos causados por la tempestad
choques aplicados en bocas y ojos
vaginas y testículos.
Voces ahogadas de mujeres y hombres
voces de sadismo de agentes especiales de profesión: tortura.
Colgadas y plantones
interrogatorios eternos
las amenazas, la eterna oscuridad.
Así no paran la lucha
crece;
el frente avanza, ya llega
en Nicaragua,
La roja bandera, la de los pobres de América Latina
ondeará en esta sacrificada tierra;
la bandera de justicia
la de los campos floridos
la del pan para todos.
Nuestro continente (ahora oprimido)
será la patria soñada
de Galán y Bolívar
de Camilo y el Che.
La tortura es una piedra
en el largo camino hacia la nueva Humanidad.
Texto elaborado por Tonny da Irmandade dos Mártires da Caminhada,
a partir de pesquisa na Internet.
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