Galeria dos Mártires - Pe. Stanley Francis Rother
Mártir defensor dos pobres
GUATEMALA * 28/07/1981
MEMÓRIA DOS 36 ANOS DE SEU MARTÍRIO
Stanley Rother, missionário americano na Guatemala, sacerdote de 46 anos. Nasceu em Oklahoma, USA, trabalhou por 13 anos com os indígenas Cakchiquel na Guatemala. Durante todo esse tempo ele só queria cuidar do seu rebanho, na paz e harmonia. Outros sacerdotes americanos da área o consideravam o mais conservador de seu grupo. Era pacífico, dedicava seu tempo a ajudar o povo, a melhorar a agricultura e a saúde das pessoas.
Vários paroquianos seus, inocentes camponeses, foram assassinados pelo Exército. Pe. Stanley escreve uma carta denunciando essas atrocidades. Seu escrito circulou nos Estados Unidos (publicado em vários jornais e revistas), provavelmente foi esse o motivo que o levaria a ser assassinado.
Sua atitude tranquila, pacifica se transformava quando o povo estava sofrendo injustiça. Em certa ocasião, o Exército convocou uma reunião com o povo, no parque central. O tenente do Exército e comandante do destacamento de 300 soldados em Atitlan, convidou o Pe. Stanley para ocupar as cadeiras da Presidência da Assembléia Popular, ao que ele se recusou e ficou entre o povo.
O comandante, tomando o microfone, repetiu insistentemente que a presença do Exército naquele lugar obedecia a uma missão de paz e tranquilidade; que não era necessário que a população buscasse as igrejas para dormir, nem que durante o dia se trancassem em suas casas, pois o Exército não reprimia, o Exército defendia o povo... Então o Pe. Stanley pediu a palavra e do microfone falou: "Paz e tranquilidade nos anuncia o senhor tenente para Atitlan. Muito bem! Quero manifestar ao senhor tenente e a toda a opinião pública da Guatemala que o viver em paz e buscar a harmonia social são virtudes próprias de Santiago Atitlan, assim como são as roupas típicas que identificam a população deste lugar. Já há treze anos vivo neste paraíso de paz e fraternidade. Posso testemunhar que jamais um problema importante perturbou este remanso de paz... até que o Exército se fez presente. Esta paz e tranquilidade que nos oferece, talvez nela houvêssemos acreditado. Faz um mês, este povo perdeu 28 de seus filhos humildes e trabalhadores; as famílias procuram igrejas para dormir, não querem sair de suas casas por temor à repressão; começou a circular uma lista de morte... diante de tais fatos, é difícil crer na paz que nos oferecem...".
Ameaçado de morte, Pe. Stanley deixou por três meses sua paróquia e voltou aos Estados Unidos. Algum tempo depois tomou a decisão importante de voltar. Seu desejo de estar em Santiago Atitlán era mais forte que as mesmas ameaças. Ao lado dele, as pessoas também se fortaleceu em meio a muito sofrimento com gestos heroicos. Ele estava ao lado de quem amava, o povo, como um apóstolo de Jesus Cristo. Aos seus familiares que não podia compreender sua radical decisão, ele disse: "Se tenho que morrer, quero morrer lá. Quero estar lá com meu povo".
A um amigo, disse uma frase que teve sentido de profecia: "Vou celebrar a semana Santa em Atitlan...".
No dia 28 de Julho de 1981, Pe. Stanley foi assassinado. A única testemunha conta: "Eu dormia no quarto do segundo andar, onde antes vivia o Pe. Stanley. Cerca de uma hora da madrugada chegaram três homens altos e fortes que perguntaram pelo Pe. Stanley. Ameaçaram-me e tive que indicar-lhes o quarto onde dormia. Ele já havia ouvido a conversa, porque quando os homens chegaram a sua porta, ele já estava vestido. Quiseram levá-lo, mas ele não se entregou. Logo atiraram nele... Avisei as religiosas, que viviam na casa mais próxima".
Regou com seu sangue a terra abençoada de tzutuhiles maya, simples camponeses e pobres.
A versão publicada nos meios de comunicação de opinião pública de Santiago Atitlan, era que quiseram roubar a igreja e o sacerdote tinha sido morto pelos ladrões...
Pe. Stanley disse que jamais se deixaria sequestrar, em sua longa carta de denuncia havia descrito como se fazia a tortura na Guatemala...
E ainda dizia: "Minha vida é para o meu povo. Eu não tenho medo".
"O povo precisa de mim e eu quero estar aqui. E as pessoas me amam".
Ninguém que assistiu à missa fúnebre vai esquecer a despedida que o povo de Santiago Atitlán deram o seu pastor como um sinal de amor, reverência e gratidão. Homens vestidos com suas melhores roupas, o levaram em procissão. Na capela-mor da igreja paroquial em dois vasos de barro e uma caixa de metal foram enterrados o seu sangue e coração.
Com razão Pe. David Monahan na apresentação de suas cartas ele escreve: "As cartas do Padre Stanley Rother nos dá a conhecer um humilde seguidor de Jesus Cristo, que alcançou grandeza espiritual em meio a terrível opressão. Como pastor de Santiago Atitlán tornou-se, no sentido mais amplo, o Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas".
Em 21 de Julho de 2010, a Arquidiocese de Oklahoma City, realizou uma cerimônia de encerramento da fase diocesana da canonização de Padre Stanley Rother.
Em uma solene celebração eucarística, o arcebispo, Dom Eusébio J. Beltran, ordenou o fechamento de todos os documentos que testemunha os acontecimentos de 28 de julho de 1981 na cidade de Santiago Atitlán, Guatemala, para embarque imediato da Congregação para as Causas dos Santos no Vaticano.
"Pe. Rother foi um bom e feliz padre. Ele era muito leal ao Evangelho e ao serviço aos pobres", disse Arcebispo, e anunciou que tem a esperança de que este servo de Deus seja declarado santo e mártir.
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