Galeria dos Mártires - Dom Carlos Horário Ponce de León

DOM CARLOS HORÁRIO PONCE DE LEÓN
Mártir da Justiça
ARGENTINA * 11/07/1977

Carlos Horacio Ponce de León, nasceu em Navarro, 17 de Março de 1914,  foi bispo da diocese de San Nicolas de los Arroyos (província de Buenos Aires).

Ordenado sacerdote em 17 de dezembro de 1938, depois de ter completado seus estudos no Seminário Arquidiocesano de Buenos Aires. Em 09 de Junho de 1962, foi nomeado bispo auxiliar de Salta (província de Salta) e em 15 de Agosto de 1962, recebeu a consagração episcopal na Basílica de Santa Rosa

Em 28 de abril de 1966, foi nomeado bispo titular de San Nicolas los Arroyos pelo Papa Paulo VI e esteve a frente da diocese por 11 anos.

Durante os onze anos em que governou a diocese de San Nicolas, realizou e impulsionou toda a obra do apostolado de ação social em uma atitude permanente de serviço à comunidade, em cumprimento de seu lema episcopal expressa no escudo que sintetiza toda a sua vida. "Eu não vim para ser servido, mas para servir". Pelo seu compromisso pastoral e social é que ele foi capaz de colocar sua vida em risco para ajudar que o povo argentino tivesse seus direitos respeitados. 

De acordo com organizações de direitos humanos, Ponce de León foi considerado um "bispo vermelho" na área norte de Buenos Aires, onde ele tinha entrado em confronto com militares de San Nicolás que até o apelidaram de "monsenhor ambulância", porque ele costumava recolher os feridos em confrontos e atendia os familiares dos desaparecidos. 

Carlos Ponce de León teve uma importante atuação episcopal durante a ditadura do autodenominado Processo de Reorganização Nacional que tinha estourado em 1976, e secretamente, a sangue e fogo causou extrema violência no estado. Ele foi um dos poucos membros da hierarquia da Igreja Católica Argentina a criticar os abusos e crimes contra os direitos humanos, tais como o assassinato do bispo Enrique Angelelli por uma "força-tarefa militar", em 1976.

A partir de 24 de Março de 1976 recebeu os familiares dos desaparecidos. Recebia a cada uma das famílias que lhes pediam que intercedesse para saber o paradeiro de seus filhos. Quando os sacerdotes o questionou porque ele foi interceder pelos familiares e questionar a repressão, tortura e desaparecimento de pessoas, ele respondeu: "Por que devo ir, eu não estou fazendo nada de errado". Ponce tinha organizado documentos sobre a repressão executada em sua diocese.

Há testemunhas que dizem que Ponce de León recebia constantes ameaças de morte na qual diziam que ele "não passaria de julho", que o haviam perseguido e insultado na rua e tinha informações importantes sobre o assassinato de sacerdotes Palotinos, que ocorreu um ano antes. Ele estava sendo monitorado continuamente pelos militares.

Depois do assassinato do bispo Enrique Angelelli, ele disse: "Agora é comigo",  que deveria assumir as mesmas causas e os mesmos riscos; denunciar o desrespeito aos direitos humanos que o povo de sua diocese estava sofrendo, e por seu compromisso de anuncio do Evangelho e denuncia de tantas atrocidades praticadas por parte dos militares é que a perseguição se tornou mais intensa. 

Em 11 de Julho de 1977, o bispo Carlos Ponce de León foi morto nas proximidades do cidade de Ramallo. Os carrascos "disfarçados" como motoristas inocentes utilizaram a mesma metodologia usada para o assassinato de Monsenhor Angelelli em Rioja. 

Ponce de León estava indo de San Nicolas para a cidade de Buenos Aires pela Estrada Nacional n.º 9 em um carro Renault 4S, entre outras questões a resolver pelo caminho, ele visita um seminarista internado em Buenos Aires. A 11 km de San Nicolas, no km 212 um Ford F100 que estava viajando na direção oposta fez uma manobra para evitar a colisão com um ônibus estacionado. Por causa da chuva, a caminhonete virou e atravessou a pista contraria onde vinha o carro do bispo, causando a colisão. Ponce de León morreu de hemorragia cerebral, sem fraturar nenhum dos ossos.

Tal como no caso de Monsenhor Angelelli, o acidente de trânsito que causou a morte de Ponce foi simulado. 

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.

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