Galeria dos Mártires - Pe. Carlos de Dios Murias e Pe. Gabriel Longueville

PE. CARLOS DE DIOS MURIAS e GABRIEL LONGUEVILLE
Mártires da Justiça em La Rioja
ARGENTINA * 18/07/1976


Carlos de Dios Murias nasceu a 10 de Outubro de 1945 em Córdoba (Argentina), no seio de uma família apegada aos valores religiosos e morais. É por essa altura que sobe ao poder Juan Peron, apoiado pela popularidade da sua esposa, a célebre Evita Peron.

Em 1955, Peron é afastado do poder por uma Junta Militar e Carlos, ao longo de quase toda a sua existência acaba por não conhecer outra coisa senão a instabilidade e a crise na qual a ditadura militar mergulha o país até 1973.

A sua irmã Maria Cristina descreve-o como um adolescente idealista, piedoso e sensível à condição dos oprimidos. Opta pela vida religiosa. É admitido entre os franciscanos conventuais. Deixou-se cativar pelo carisma de São Francisco de Assis, pela pobreza e pelo empenho apostólico dos frades.

Foi ordenado sacerdote em 17 de dezembro de 1972. Após a sua ordenação sacerdotal, se encarrega da paróquia de El Salvador de La Rioja e colabora com o Enrique Angelelli, bispo que Carlos admira muito particularmente.

Angelelli revela-se entusiasta no apostolado e comprometido na evangelização e defesa dos direitos dos oprimidos. Posteriormente, Carlos torna-se colaborador da paróquia de Chamical juntamente com Gabriel Longueville, padre francês, delegado do episcopado de França para a América Latina.

Carlos é apreciado pela sua abnegação, o seu bom humor e a sua coragem. Próximo dos humildes, não hesita nunca em ajudá-los, até materialmente. Todos os que o conheceram diziam que ele era um homem de Deus, profundamente espiritual e cuja vida está em concordância com o Evangelho de Jesus.



Gabriel José Rogelio Longeville, nasceu na França, em 18 de março de 1931. Em uma família de camponeses simples, com um coração verdadeiramente cristão.

Ingressou no Seminário Saint Charles. Logo depois foi para o Seminário de Viviers, onde estudou Filosofia e Teologia, terminado os estudos  Viviers, onde estudou Filosofia e Teologia, terminando os estudos foi ordenado sacerdote em 23 de julho de 1957.

Em 1969, ele viajou para o México, onde aperfeiçoou seu castelhano e exerceu o seu ministério sacerdotal junto a uma comunidade indígena.

Chega na Argentina no final de 1970, enviado pela Comissão Episcopal francesa para a América Latina (CEPAL). Ele se estabeleceu em Chamical juntamente com Pe. Carlos em 23 de fevereiro de 1972.

Homem de paz, sensível, muito falante, de alma profunda que exerceu um grande trabalho em favor dos mais pobres. Profundamente piedoso e devoto, viveu o evangelho e a pobreza real, com a facilidade de um nascido para isto.

Um artista nato, fazia escultoras e pintura, era autodidata.

Foram suficiente cinco anos para aprender a amar esta terra argentina e entregar sua vida, numa dedicação total aos princípios do Evangelho e ao serviço ao povo.

O compromisso e o martírio

Os dois homens entendem-se perfeitamente e entregam-se comprometidamente em favor da população empobrecida da sua comunidade, explorada em condições humilhantes pelos ricos proprietários.

Longe de qualquer atividade política, exercem o seu ministério em plena comunhão com o seu bispo, cuja linha de conduta eles seguem: fidelidade às orientações do Concílio Vaticano II e diretrizes da Conferência de Medelin para a América Latina.

Porém, na noite de 17 de Julho de 1976, os dois sacerdotes foram sequestrados logo após terminar o jantar na casa das Irmãs de São José. Eles foram levados por dois homens à paisana que afirmam ser da Polícia Federal. Três dias depois, são encontrados por um grupo de 20 trabalhadores ferroviários à beira da estrada de ferro, perto de Chamical. Tinham sido brutalmente torturados e os cadáveres estavam crivados de balas. Pe. Carlos tinha 30 anos e Pe. Gabriel tinha 43 anos.

A Igreja Católica Argentina começou o processo de canonização de dois padres, mortos durante a última ditadura (1976-1983). O bispo Roberto Rodriguez fez o anúncio durante uma homenagem aos padres Carlos Murias Deus e Gabriel Longueville, no cemitério de El Chamical, a 150 km da capital de La Rioja, onde estão enterrados os dois sacerdotes.

Encerrada a investigação diocesana sobre o martírio dos padres Carlos e Gabriel bem como do leigo Wenceslao Pedernera, vítimas da ditadura militar, o Bispo Marcelo Colombo levou em Maio de 2015 os documentos de mais de 7.500 páginas para serem analisadas pela Congregação para as Causas dos Santos, e assim sejam reconhecidos como “Mártires de Chamical”, pelo serviço prestado por eles pelas causas dos pobres em La Rioja.

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.

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