Galeria dos Mártires - Norman Pérez Bello
NORMAN PÉREZ BELLO
Militante, mártir da fé e da opção pelos pobres
BOGOTÁ * 10/06/1992
Norman Pérez Bello nasceu em 29 de junho de 1967 em
Sogamoso, Boyaca. Ele fez seus primeiros estudos em estabelecimentos públicos.
Se graduou no Instituto Integrado Joaquín González Camargo, de Sogamoso, em
1986. Desde ainda jovem demostrava uma forte inclinação para a ação social e
política. Primeiro, ele fez parte da Associação Estudantil Sogamoseña (ASES).
Logo se integrou ao movimento juvenil Kigüe-Yacta
(Terra de irmãos) cuja sede foi invadida e Norman e outros colegas foram
presos. Depois de 15 dias eles foram libertados. Em Junho de 1988 entrou para a
Universidade Nacional para estudar psicologia, enquanto trabalhava para se
sustentar. Ao final de 89 se vincula ao trabalho pastoral da paróquia de San
Bernardino em Bosa, no Bairro José Antonio Galán, e neste compromisso pastoral
continuou até o fim de sua vida.
Desde janeiro de 1990, passou a viver em Bosa,
junto com outros companheiros, dedicado a estudar Ciências Sociais na
Universidade Distrital e a animar diferentes grupos de pastoral. Em 05 de junho
de 1992 ele participou da Assembleia Regional das Comunidades Eclesiais de
Base, CEB’s. Lá, foi eleito para fazer parte da delegação de Bogotá que
participaria da Assembleia Nacional a ser realizada no final do mês em Cali.
No dia 10 do mesmo mês, em torno das 4 da tarde,
quatro balas assassinas ceifaram sua vida nas ruas de Bogotá. No dia seguinte a
notícia de seu martírio foi noticiada. O povo de Bosa maciçamente participou de
uma missa em sua memória realizada na igreja paroquial às 21:00. Não foi
possível trazer seus restos mortais para Bosa, porque seus parentes havia
naquela noite levados seu corpo martirizado para Sogamoso. Porém, isto não foi
um obstáculo para seus numerosos amigos prestarem homenagem a este lutador da
justiça, eles fretaram um ônibus e foram para acompanhá-lo com canções e
orações em seu lugar de descanso final. Assim puderam demostrar o enorme
carinho que tinham por Norman. Seus parentes ficaram espantados ao ver que “o curto caminho trilhado por Norman era tão
profundo, deixando um rastro de amor, fraternidade e compromisso com a sociedade”.
(Carta dos familiares aos amigos de Bosa).
A frase que mais se ouvia durante o velório e o
funeral era: “Norman não está morto. Ele
continua a acompanhar-nos e nós vamos continuar seu trabalho”.
Foi criado o Comitê de Direitos Humanos Norman Pérez
Bello em 1996, para que sua memória continue viva e nos faça seguir assumindo
suas causas, sem medo de denunciar tantas torturas de milhares de militantes
pela vida. "Queremos que se
reconheçam a verdade, para que nunca se repita a história de dor, de
desaparecimento e tortura. Seguimos com a memória e a esperança".
Abaixo trecho de carta escrito por Norman a seus
amigos:
(...) “Como
vocês sabem fiz parte do movimento estudantil, a fim de sensibilizar os jovens
para a nossa opção pela vida, e alimentar a nossa opção pelos pobres e com os
pobres. Com a minha mochila pendurada entre as idas e vindas para organizar em
Sogamoso e Bosa um trabalho popular entre as mulheres, crianças, jovens e com
alguns sacerdotes que como nós, compreendem o significado de viver a fé na luta
com os pobres, este compromisso que posteriormente fez com que nós nos
engajássemos nas comunidades eclesiais de base, onde queríamos experimentar o
projeto revolucionário de Jesus.
Hoje como
ontem, estamos sendo estigmatizados por vivenciarmos a mística do compromisso
de Jesus; amar a justiça e trabalhar com os pobres, como vocês sabem, esses
compromissos foram às causas pela qual fiquei preso por 15 dias, mas essa
experiência reafirmou o meu compromisso, a escolha do trabalho popular, até o
meu último dia em que eu viver e trabalhar no bairro onde vocês estão reunidos
hoje; então, eu tenho certeza que não é por acaso que nós compartilhamos os
mesmos sonhos e ideais, e, até mesmo se tirarem minha vida precocemente, vocês
hoje seguiram com os mesmos sonhos e ideais. Eu convoco a vocês para
continuarem com a mesma esperança e força.
... E se
alguém quiser se lembrar de mim, que não chore, que feche o punho, leve-me
pelas mãos e junta-se com o meu povo em uma única canção". NPB.
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada,
a partir de pesquisa na internet e leitura do livro: Aquellas Muertes, de Javier Giraldo Moreno S.J.
Amigos fazem memória do seu martírio |
Os pais de Norman |
Norman com a mãe |
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