Galeria dos Mártires - Irmã Filomena Lopes Filha
Ir. FILOMENA LOPES FILHA
Mártir da Favela
NOVA IGUAÇU, RJ, * 07/06/1990
“VOCAÇÃO É VIVER, TORNANDO A VIDA MAIS BELA”
Irmã Maria Filomena Lopes Filha, que no final da
década de oitenta, integrou a missão em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, na
congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição de Maria, de
Bonlanden, que estava presente ali desde 1935. Nessa cidade da Baixada
Fluminense, a “Irmã Filó”, como era carinhosamente chamada por suas colegas na
Congregação, atuou com dedicado esmero no apoio às famílias carentes e na
educação da juventude. Irmã Filomena nasceu no dia 26 de maio de 1946, em São
Miguel do Anta, Mina Geral. Filha do Senhor José Teixeira Lopes e Dona Filomena
Lopes, de família numerosa e ardente fervor religioso. Seu terceiro irmão, José
Lopes, tornou-se, também, religioso consagrado e padre, na Congregação dos
Sacramentinos.
Desde cedo “Filó” alimentava o desejo de se tornar
Religiosa Consagrada Franciscana. Não demorou muito e encontrou o seu ninho nas
Franciscanas de Bonlanden. Após passar pelas etapas iniciais da formação, a
Irmã passou a integrar a comunidade educativa do Instituto de Educação Santo
Antonio – IESA.
Em 1986, devido às inúmeras intempéries por que
passavam as famílias ribeirinhas, sofridas por constantes chuvas, enchentes e
falta de saneamento básico, a Irmã Filomena decidiu colocar a mão na massa ou
seria no arado?
Com o objetivo de remover o povo sofrido daquela
área de risco, o projeto resistiu por frutuosos cinco anos. Pela inquietação
que origina no batismo, pela consciência e fé cristã, o sofrimento daquele povo
deveria ser visto e seu grito aflito, ouvido. Motivada pela Campanha da
Fraternidade que teve como tema: Terra de Deus, Terra de irmãos, a
equipe educativa do IESA, sob sua coordenação, iniciou o projeto de construção
de casas populares, em regime de mutirão. Em consonância com nossa missão, as
Irmãs e a equipe educativa apostaram no intercâmbio pedagógico entre um grupo
de educadores, pais e alunos do Curso Técnico em Eletromecânica e os moradores.
No dizer de São Francisco de Assis, “guiada pelo
espírito do Senhor e seu santo modo de operar”, de corpo e alma, a Irmã Filó
coordenou o projeto, organizou os grupos de trabalho, supriu com material e
supervisionou as obras concretizadas em número e qualidade de vida: famílias
mais felizes, habitadas em cento e quarenta e quatro casas, assistidas por uma
creche e um posto de saúde. Mas nesse meio, não poderia faltar o templo de Deus
e de seu povo. Por isso, um salão e uma Igreja.
Em carta escrita para seus familiares, com data de
07/06/90, Ir. Filomena, afirmou -“vocação é viver, tornando a vida mais
bela”. Estas foram suas últimas palavras escritas e que não chegaram a
ser enviadas. À tarde desse mesmo dia, Irmã Filó foi ao mutirão levar cimento e
havia dito às Irmãs de sua fraternidade: “voltarei as 17horas e 30min. para
missa”. Mas não voltou. Junto ao sacrifício de Cristo, deu-se o seu sacrifício.
Foi sequestrada, assassinada e deixada em abandono, até que no dia seguinte seu
corpo foi encontrado.
Pelo crime impune, pela perda da “Apóstola da Baixada”,
o povo da favela ficara novamente órfão.
Texto recolhido do blog:
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