Galeria dos Mártires - Hildegard Maria Feldmann
HILDEGARD MARIA FELDMANN
Mártir do Serviço aos Camponeses Colombianos
COLÔMBIA * 09/09/1990
MEMÓRIA DE 26 ANOS DE SEU MARTÍRIO.
Hildegard Maria Feldmann, nasceu em Näfels, Suíça, no dia 04 de abril de 1936. Religiosa da Sociedade Missionaria de Belém. Por 18 anos trabalhou na Índia e por 1 ano em Bangladesh, como enfermeira em comunidades pobres. Foi para a Colômbia em 1983 e juntou-se ao trabalho pastoral no Vicariato Apostólico de Tumaco (hoje Diocese de Tumaco).
Por cinco anos ela esteve em Bocas de Satinga, com outros membros da Sociedade Missionária de Belém, lá ajudou a reconstruir a aldeia depois do tsunami/terremoto no final de 1979. Esta reconstrução se fez com o apoio da Misereor e acompanhada por uma equipe coordenada por Jaime Diaz (diretor PODION naquele período). Em 1990, foi trabalhar na aldeia de El Sande, no município de Guachaves (Nariño), na Diocese de Ipiales.
Mulher simples e totalmente comprometida com os pobres, a quem ela dedicou sua vida de forma generosa, acolhendo e atendendo a cada um como imagem e semelhança do próprio Cristo.
"A irmã Hildegard, de uma fragilidade física, era por natureza tímida quase ao extremo. Sua alta sensibilidade lhe impossibilitava pronunciar palavras. Não era um silêncio que assustava, mais sim um silêncio cheio de cordialidade e pleno de Deus. Sua presença discreta e alegre falava por si só. Uma mulher prestativa, sempre disponível para o serviço, especialmente através de sua profissão de enfermagem para o benefício de todos, preferencialmente aos irmãos mais pobres, assim como os irmãos da costa do Pacífico em Satinga, carente de energia elétrica, água, medicamentos, etc...", assim disse o Monsenhor Miguel Angel Lecumberri durante a missa em memória de Hildegard.
Em 9 de setembro de 1990, ao meio-dia, como normalmente acontecia, um o grupo de guerrilheiro passou pela pequena aldeia de El Sande, que é pouco visível entre as montanhas do sul, no município de Guachaves (Nariño). As pessoas daquela aldeia já estavam acostumadas com a sua presença e sabia que, às vezes, eles se abrigavam em alguma fazenda desocupada fora da aldeia. Desta vez, os guerrilheiros fez esta habitual parada, para depois seguir adiante.
O Exército, por sua vez, tinha montado operações de inteligência na área, já desde o dia 05 de setembro e tinha notado os movimentos deste grupo de guerrilheiros, que aparentemente pertencia à Frente 28 das FARC.
Neste mesmo dia 09 de setembro, às 04:00 da tarde, os habitantes de El Sande foram surpreendidos por um violento ataque do Exército. Eles desceram a montanha e cercaram a aldeia por vários lados, disparando tiros indiscriminadamente contra o povoado.
Todo mundo teve que se esconder em casa. Um homem e sua esposa ao ouvir as rajadas de bala, correram para a casa, mas ele foi ferido na perna e da maneira que pode, junto com sua esposa, refugiou-se na casa de um vizinho; quando eles acreditavam que o perigo havia passado saíram, mas a mulher foi atingida por uma bala que a deixou gravemente ferida.
Os soldados sob o comando do tenente Nestor Beltran e do sub-tenente Germán Otálora brutalmente entraram na aldeia. Com palavrões forçou as pessoas a deixar suas casas e se concentrar no campo de futebol, afirmando que "todos eram guerrilheiros". E com estupidez perguntou onde estavam as freiras que atendiam os guerrilheiros.
Os guerrilheiros, depois de seu discurso ao público ao meio-dia, tinha ido tomar banho no rio, não muito longe da aldeia. Um deles, Nestor Rojas Garcia Hernando ficou encarregado de fazer a guarda na saída da vila. Ele foi surpreendido pelo Exército, que disparou e o feriu, caindo imediatamente morto, enquanto os outros guerrilheiros fugiram pela montanha.
Os militares avançaram para os arredores da aldeia e rapidamente cercaram a casa de Ramón Rojas, onde se encontrava Hildegard, pois ela estava atendendo uma senhora de 80 anos, que estava doente.
Quando ouviram os primeiros tiros pela casa, Ramón foi ferido. Enquanto a irmã colocou as mãos na cabeça, perguntando o que estava acontecendo, rapidamente uma outra bala atravessou o coração dela, caindo morta ao lado de Ramón, que também foi atingido por estes novos disparos.
O exército obrigou a todos os moradores a passar a noite trancados na capela da aldeia. Enquanto isso os soldados destruíram as casas e saquearam a farmácia que Hildegard mantinha para atender a povoado quando necessitassem de algum remédio.
Quando as pessoas saíram da capela onde estavam trancadas, encontraram os corpos já destroçados pelos cães. Tiveram que enterrar precariamente como podiam. Os militares impediram os moradores por vários dias de saírem para comunicar a trágica notícia.
O General Manuel José Bonett, Comandante da Terceira Brigada do Exército, emitiu uma declaração em 13 de setembro, que procurou justificar o crime apoiando-se em dados objetivamente falsos, como pode comprovar a Procuradoria Geral da Nação. O comunicado afirmava que "houve um confronto armado no dia 9 deste mês às 05:00 da tarde... E que entre os mortos se encontrava a missionária de nacionalidade suíça, Hildegard Maria Feldmann ... que exercia a função de enfermeira na casa onde foi preso o grupo armado... ".
Os Bispos de Ipiales e Tumaco, emitiram declarações, alegando que Hildegard realizou seu trabalho por vários anos, sempre estando a serviço dos mais enfermos, pobres e necessitados; um exemplo de simplicidade, devoção e oração e que as pessoas da região estavam indignadas e rejeitavam as publicações feitas pelos meios de comunicações, onde afirmava que a irmã fazia parte da guerrilha. Além de exigir que a Procuradoria Geral da Nação e a Comissão Internacional de Direitos Humanos, fizessem uma profunda investigação.
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada,
a partir de pesquisa na internet: https://evangelizadorasdelosapostoles.wordpress.com.
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