Galeria dos Mártires - João Pedro Teixeira

JOÃO PEDRO TEIXEIRA
Mártir da Luta pela Terra
JOÃO PESSOA * 02/04/1962

O paraibano João Pedro Teixeira, fundador da primeira liga camponesa na Paraíba, é considerado um mártir da luta pela terra no Nordeste do país, a exemplo do acreano Chico Mendes, que se notabilizou na defesa do seringal e do meio ambiente na região amazônica.

A primeira das ligas surgiu no Engenho Galiléia, em Pernambuco, fundada em 1954 sob a denominação de Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco. A experiência espalhou-se por outros estados nordestinos. Na Paraíba, a mais conhecida e combativa das Ligas Camponesas existentes até então foi a de Sapé, fundada por João Pedro Teixeira, como Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Sapé e contava com mais de sete mil sócios. As Ligas Camponesas foram criadas inicialmente como associações e tinham objetivos definidos: prestar assistência social e defender direitos de arrendatários, assalariados e pequenos proprietários rurais.

Eram voltadas para iniciativas de ajuda mútua. Passaram a atuar no início da década de 60 como ferramentas de organização do movimento agrário. Isso porque a sindicalização no campo era praticamente inexistente. A ousadia despertou a ira dos latifundiários, da época, a ponto de em 1962 terem sido acusados de mandar matar João Pedro Teixeira. Ele foi casado com Elisabeth Teixeira, com quem teve 11 filhos. 

Elizabeth Teixeira ainda se emociona quando recorda o dia 2 de abril de 1962, data em que três policiais — vestidos de vaqueiros — assassinaram seu marido, o líder camponês João Pedro Teixeira, o homem marcado para morrer: "Quando vi o corpo de João Pedro sem vida, lembrei que ele sempre me dizia que iriam tirar sua vida, mas que a luta deveria continuar. Elizabeth, ele dizia, a luta deve continuar até enquanto existir um operário ou um camponês explorado. Quando eu morrer você continua a minha luta? Então, mesmo com ele já morto, eu peguei na sua mão e disse: João Pedro, vou dar continuidade à nossa luta para o que der e vier."

Apesar das ameaças e perseguições do latifúndio, Elizabeth continuou no trabalho de organização dos camponeses. Ela, junto a outros companheiros, frustraram os planos dos latifundiários, que matando João Pedro acreditavam estar enterrando a luta camponesa na região. Registros revelam que dois anos depois do assassinato de seu dirigente, a Liga Camponesa de Sapé contava com o dobro de associados: 24 mil camponeses.

O golpe militar de 1964 proibiu o funcionamento das Ligas Camponesas e interveio nos sindicatos dos trabalhadores rurais. Depois disso, os camponeses foram torturados e mortos. Os soldados acusados de assassinar João Pedro Teixeira foram libertados. 




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