Galeria dos Mártires - Pe. Carlos Mugica

Pe. CARLOS MUGICA
Mártir dos Pobres
ARGENTINA * 11/05/1974

Memória dos 46 anos de seu martírio.

Carlos Mugica, sacerdote diocesano, 44 anos.

O pai de Carlos tinha sido um deputado conservador no Parlamento, por mais de uma década. Foi também nomeado Ministro do Exterior no governo do Presidente Arturo Frondizi.

Quando Carlos se tornou sacerdote, começou a interessar-se especialmente pelos pobres. Em sua paróquia, atendia prioritariamente os habitantes das favelas dos arredores de Buenos Aires.

Em varias oportunidades procurou criar uma ponte entre os profissionais e o povo. Conseguiu mais e mais pessoas que assumissem um serviço direto entre os pobres.

Costumava dizer: “O povo, com que desejamos identificar-nos não é um mundo com conteúdo vago e que se capte facilmente. O povo é a realidade histórica, cultural e politica das grandes massas, geralmente oprimidas, que historicamente enfrentam a situação de dependência”.

Para superar a apatia e o fatalismo resultante disso, apelou para fé: “O ministério que recebemos da Igreja e que exercemos em comunhão com o bispo, obriga-nos a nos dedicarmos constantemente a construir a fé no coração do povo. Sabemos que esse dom de Deus é a raiz mais profunda da libertação. Nossa experiência pastoral ajudou-nos a descobrir que o povo cria sua própria identidade na expressão popular da fé. Retirar-lhes sua razão de viver e esperar, significa minar sua força revolucionária”...”Queremos usar a consideração e o lugar especial que a fé do nosso povo dá ao sacerdote, tanto quanto servem às aspirações e interesses desse povo”.

Foi assessor da JEC, secretário do arcebispo de Buenos Aires e, em sua opção final e definitiva pelos pobres, um dos fundadores do Movimento de Sacerdotes do Terceiro Mundo. Sua figura corajosa, simples, comprometida e sempre a serviço dos pobres, começou a ser polemica. Sua opção politica se refletiu nos documentos do Movimento de Sacerdotes do Terceiro Mundo e a síntese de sua vida pode-se expressar assim: povo e sacerdócio. Como sacerdote entregou-se totalmente as causas do povo.

Por duas vezes foi prisioneiro do regime militar que governou a Argentina durante o exílio de Perón. Ele foi muitas vezes ameaçado. Quando uma bomba explodiu em sua casa, ele disse: “Nada e ninguém vai me impedir de servir a Cristo e à sua Igreja, lutando ao lado dos pobres pela sua libertação. Se o Senhor me concede o privilégio que eu não mereça de perder a vida pela as Causas da Vida, estou à sua disposição”.

No dia 11 de março de 1974, ao terminar a missa foi crivado de bala após sair da Igreja. Duas pessoas em um carro Peugeot dispararam os tiros contra Carlos Mugica. Tudo indica que os assassinos faziam parte da Triple A (Aliança Anticomunista Argentina).

Antes de morrer disse a uma enfermeira: “Hoje, mais do que nunca, é preciso estar junto ao povo”. 

Uma grande multidão acompanhou o seu funeral, povo simples, operários, todos, velando seus restos mortais, interruptamente durante 24 horas e o levou aos ombros por vários quilômetros. Havia várias fileiras, que se alongava por mais de quinze quadras. Todos se fizeram presente para prestar homenagem a este sacerdote que deu a vida pelo povo, vivendo radicalmente o Evangelho.

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.

Esta foto mostra a multidão no enterro do Pe. Carlos Mugica

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