Galeria dos Mártires - Maurício Demierre e Companheiras Camponesas


MAURÍCIO DEMIERRE e COMPANHEIRAS
Mártires da Solidariedade
NICARÁGUA * 16/02/1986

Maurício Demierre, colaborador suíço e companheiras camponesas suíços, assassinados pela contra revolução ao retornar de uma via-crúcis pela paz na Nicarágua.

“Semente, profeta, cristão comprometido”, diz o epitáfio em seu túmulo, na Praça do Somotillo.

Frase escolhida pelo povo para defini-lo, o dia em que foi assassinado pelo “contra”, com cinco companheiros.

Maurice, um agrônomo, e sua esposa, Chantal, educadora popular, suíços, da organização “Irmãos Sem Fronteiras”, optam por servir os mais pobres da Nicarágua.

Conta um camponesa: “Há três anos ele chegou a minha casa com Chantal. Tão amável aquele homem, verdadeiro cristão... Após dois anos era possível confundi-lo com um de nós, com seu sotaque, em suas palavras, descarregando cimento, levava alimento por caminhos terríveis, trabalhava na cooperativa, na construção de casas, na formação dos campesinos”.

Em 15 de fevereiro Mauricio conclui Via-crúcis de 6 dias, com milhares de cristãos que andam a fronteira com Honduras, pedindo pela paz e pela da vida.

No dia 16 de fevereiro de 1986, Mauricio estava dirigindo uma caminhonete, estava retornando com um grupo de mulheres e crianças de uma Via-crúcis campesina, realizada como parte das manifestações religiosas desencadeada em todo Nicarágua em Via-crúcis pela paz e pela vida que, encabeçada pelo padre Miguel D'Escoto, reuniu milhares de nicaraguenses.

No caminho para Jiñocoago o veículo de Mauricio passou em cima de uma mina. Como resultado do impacto, os viajantes ficaram feridos, porém, os contra revolucionários, que estavam emboscados, mataram vários, incluindo Maurício, duas idosas e duas jovens.

Jacqueline Demierre, mãe Mauricio escreveu a todos os nicaraguenses esta carta:

“Bulle, abril 1986

À minhas irmãs e irmãos da Nicarágua Mártir:

Sim, eu ainda estou chorando meu filho Mauricio, que morreu em 16 de fevereiro de 1986, perto de Somotillo. Sim, essa morte foi um grande golpe para o meu coração de mãe e quebrou todo meu corpo. Ele se deu ao serviço dos pobres, pela liberdade, paz e amor em nome Cristo Jesus.

Eu o tinha entregue. E agora eu estou oferecendo o seu sacrifício, que termina na ressurreição. Para aqueles que o mataram, entendam. Para que o mundo desperte e aja e grite a verdade.

Me sinto muito perto de todos vocês que sofrem. De todas as mães da Nicarágua, das famílias das mães que morreu com ele. Muito perto da Virgem Maria aos pés da cruz. Eles, a Virgem e seu filho, estão conosco. Eles são a força que irá fazer crescer a semente, o sal da terra.

Tenham confiança. Continuem mais que nunca sua luta, unidos pelas suas famílias, em nome da paz e do amor.

Obrigado por querer bem ao meu filho Mauricio e por fazê-lo um de vocês.

Eu abraço,
Jacqueline Demierre, mãe do Mauricio”.


Texto elaborado por Tonny da Irmandade dos Mártires da Caminhada.

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