Galeria dos Mártires - Massacre Coletivo de Panzós

MASSACRE COLETIVO DE PANZÓS
Mártires Indígenas Quichés
GUATEMALA * 29/05/1978

Memória dos 40 anos do Massacre.

A partir de 1976, diante da reorganização do Movimento Popular na Guatemala (América Central), o exército partiu para a ocupação militar sistemática de diferentes áreas do país. A repressão, que começara sendo seletiva, contra os lideres ou animadores, se generalizou, com caráter de verdadeiro genocídio, em sequestro, assassinatos, bombardeios, queimadas de roças e aldeias. E no dia 29 de maio de 1978 culminou com o MASSACRE COLETIVO DE PANZÓS.

Panzós é um povoado de índios Kekchi, fundamentalmente, no vale do rio Polochic, departamento ou estado de Alta Verapaz, a uns 200 quilômetros ao norte da capital guatemalteca.

Mais de 600 camponeses indígenas se reuniram, naquele 29 de maio, na praça de Panzós, respondendo a um chamado  do prefeito local e para reivindicarem as terras que lhes pertenciam, de tempos imemoriais, subitamente passadas às mãos dos latifundiário e militantes, por meio de todo tipo de manobras e violências.

Os indígenas, que foram à praça “com a paz no coração”, tentaram falar, mas não foram ouvidos e a resposta foi brutal: latifúndios, soldados e policiais abriram fogo indiscriminadamente contra a multidão indefesa, que encontrou a morte na praça, nas ruas, no campo e até no rio, onde alguns se jogaram, fugindo do ataque.

Duas caminhonetes de cadáveres – mais de 119, crianças e mulheres também – foram sepultados numa vala comum.

PANZÓS foi o primeiro massacre coletivo de toda uma série de massacres, que vêm dizimando o povo mártir da Guatemala. Pela crueldade e da injustiça de um exército e de uns governos a serviço dos grandes do país e da política dos Estados Unidos. Hoje a Guatemala tem um Governo democrata-cristão, porém “em matéria de direitos humanos não somente não se deram os progressos almejados, mas a situação se agravou”, segundo o informe do Comitê Pró-Justiça e Paz da Guatemala, apresentado, no mês de março de 1988, à comissão de Direitos Humanos da ONU.

“Panzós continua hoje”

No décimo aniversário de Panzós foi proclamado DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE COM A GUATEMALA. Para que o povo da Guatemala viva na liberdade, na justiça e na paz. Para que a terra da Guatemala seja do povo guatemalteco. Para que os indígenas guatemaltecos possam viver, livres e unidos, sendo eles, em sua terra, a antiga terra do povo Maia.

Texto elaborado pelo bispo Pedro Casaldáliga para o Jornal Alvorada em 1988.

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