Galeria dos Mártires - Pe. Mario Leonfanti

Pe. MARIO LEONFANTI
Mártir do Ecumenismo e dos Direitos Humanos
ARGENTINA * 27/11/1993

"Vamos... e pronto!" Ele diz antes de morrer. É sua versão de "Pai, que se faça a tua vontade...". A dura, lenta aceitação da morte deste salesiano, de 51 anos, é o ponto culminante, como Jesus, da busca do "Novo Céu e Nova Terra onde Reina a Justiça" e de seu lema sacerdotal.

A infecção pulmonar que sofre desde a infância, não o impede de entrar na congregação, uma vez bacharel. De inteligência brilhante, intuitivo, generosamente decide seguir Dom Bosco no serviço à juventude pobre.

A Igreja pós-conciliar, que coincide com seu período de formação, o afirma em sua opção fundamental. Em 1968, estudando teologia em Roma, ele escreveu para seu provincial: "Hoje o Papa falou do espírito de pobreza na Igreja". Mario era afetuoso com os outros, procurava pacientemente que a Igreja fosse servidora dos marginalizados e perseguidos. Em 1973, para pedir a sua ordenação escreve: "Consciente desta decisão em tempos de busca de uma imagem mais autêntica do sacerdócio, eu me sinto comprometido com isso".

Em Roma, o contato com os "Focolares" marcou para sempre sua busca de Deus, da fraternidade, e um olhar universal que transcende a Igreja. Durante 1974 vive na "villa miseria" de La Cava, perto de Buenos Aires: Centro de Educação e cuidado pastoral aos migrantes. Assim se vinculou à Equipe Pastoral de Paraguaios na Argentina -EPPA-, ao que brinda sua  solidariedade e capacidade de organização.

Em 1975, foi destinado a uma paróquia popular de Buenos Aires, onde promove o laicato e dirige uma escola. Antes do golpe militar de 1976, com seus milhares de prisioneiros, assassinados, desaparecidos, Mario, como os profetas, se pergunta: "Que fazemos nós cristãos diante destes fatos".

Enfermos, famintos, franzinos, juntamente com outros padres, pastores e leigos, batiam nas portas das Igrejas. Assim nasceu o Movimento Ecumênico para os Direitos Humanos, MEDH, agora composta por sete igrejas protestantes e três dioceses católicas. Deveriam consolar as famílias. Visitar os prisioneiros. Organizar as ações jurídicas e sociais. Estes são tempos de terror: ele mesmo conhecer a prisão. Torna-se secretário-geral da MEDH, quando o arcebispo de Buenos Aires obrigou-o a renunciar.

Mario deixa o cargo de secretario, porém, em sua paróquia segue o trabalho de cuidado e carinho com as vitimas deste sistema ditatorial. Em 1985, ele aprofundou sua opção pelos pobres em um bairro operário de Zárate, cidade industrial de Buenos Aires. Intensa atividade, pobreza, condições inóspitas deixam marcas no coração deste pastor e nas comunidades que formam. É simultaneamente Conselheiro Provincial. Em 1991 ele foi nomeado Delegado Inspetorial para a Pastoral Juvenil. A principal atividade na congregação: síntese de seu carisma, adaptada aos novos tempos.

Nesse mesmo ano é chamado a acompanhar, como vigário geral, o novo bispo de Neuquén, Raul Radrizzani. Missão que lhe causa entusiasmo: como pastor, tem agora uma diocese, e seu dom de conselho, o que dá, como oportunidade de exercê-la. Sua saúde fica fragilizada em fevereiro de 1993. É o ano de despojamento total, dos sofrimentos indizíveis.

No dia 27 de novembro de 1993, três bispos, centenas de religiosos e leigos despedem-se de seu corpo. Porém, o "Flaco" Mario segue: fraternal, sorridente, amante de todas as coisas belas, um verdadeiro seguidor de Jesus.

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada,
a partir da página: http://servicioskoinonia.org/martirologio/

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