Galeria dos Mártires - Mártires Camponeses de Chapi e Lucmahuaycco
MÁRTIRESDE CHAPI e LUCMAHUAYCCO
PERU * 26/11/1984
Chapi era um grupo de comunidades, onde mais de três
mil camponeses cultivam e colhiam coca e café e criavam animais de carga. Fica na
província de La Mar, departamento de Ayacucho. Porém a estrada levava apenas a
Vilcabamba. De lá tinham um longo trecho a pé, às vezes à 5.000 metros de altura, e
depois descer para a selva, nas margens do Apurimac.
Entre junho e julho, Chapi desapareceu devido ao
pesado bombardeio de helicópteros contra a população civis. A justificativa do bombardeios eram porque perseguiam suspeitos da guerrilha. Eles atiravam impiedosamente. Dia e noite.
"Eles eram pastores
e semeadores e passavam várias vezes pelo mesmo lugar", diz Alejandro
Delgado, que conseguiu sobreviver. Os camponeses de Mejorada e Almachayoc, fugindo,
foram para os juncos. Ali são cercados pelos fogo dos bombardeios. "Eu
não sei quantos foram queimados, mas você ainda pode ver restos
carbonizados" segue contando Alejandro.
Muito próximo ao que era Chapi estava Lucmahuaycco, no distrito de Chungui, também em Ayacucho. Seus habitantes correm
a pior sorte. Os assassinos são seus próprios irmãos, membros dos Comitês de
Defesa Civil, camponeses paramilitares, criado em 1982 supostamente para defendê-los da guerrilha.
Em 15 de novembro, duzentos e oitenta paramilitares
sob o comando dos oficiais Salas e Bendezú, além de vinte membros da Guarda
Civil Quillabamba, vão para Lucmahuaycco. A operação é a de "capturar subversivos".
Com isso justificam a tortura de camponeses de pequenas cidades da estrada
"para obter informações".
Na madrugada de 26 chegam em Lucmahuaycco.
Seus habitantes são capturados e mortos pelas balas da guarda e facas e
machados dos paramilitares. Aqueles que pretendem fugir são igualmente perseguidos
e mortos. Os detidos são executados no mesmo instante. Após o massacre de
trinta e duas pessoas, começaram a saquear o seu gado, as suas ferramentas, e
todo o dinheiro que encontram.
Para os capturados com vida: mulheres grávidas,
idosos desnutridos e mães com muitos filhos, o calvário não acabou. Amarrados
uns aos outros, os levam a Quillabamba. O caminho é longo e cansativo. Crianças
desmaiar. Os guardas querem se livrar desse fardo e forçam suas mães a
deixá-los na estrada. Em Quillabamba chegam apenas trinta e foram detidos na
sede.
Liberados pela solidariedade de organizações
populares e de direitos humanos, eles tiveram medo de voltar para Lucmahuaycco, onde caíram
seus mártires como uma semente que florescerá algum dia em liberdade e justiça.
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada,
a partir da página: http://servicioskoinonia.org/martirologio/
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