Galeria dos Mártires - Nahaman Carmona

NAHAMAN GEFTE CARMONA LOPEZ
Morto a pancadas por policiais
GUATEMALA * 14/03/1990

Hoje lembramos os 27 anos da morte de Nahaman Carmona, uma criança de rua, que foi brutalmente assassinado na Cidade da Guatemala por quatro policiais: Silvestre Cu Itzep, Rolando Aguilar Dueñas, Marco Tulio Gudiel e Modesto Hernández Sirin.

Nahaman nasceu no subúrbio de San Salvador. Por causa da guerra civil no país, teve que se mudar com o pai e os irmãos Israel e Ruth para a Guatemala. Ali começou a trabalhar como engraxate nas ruas.

Devido os maus tratos que recebiam do pai, os três irmãos decidiram sair de casa e foram viver nas ruas frias da Cidade da Guatemala.

Na noite de 04 de março de 1990, enquanto dormia com outros colegas, na entrada de uma loja de eletrodomésticos, foram surpreendidos por quatro policiais da Polícia Nacional que saiam do expediente do quartel e foram em direção às crianças. Um deles sacou a arma. As crianças correram, mas quatro, incluindo Nahaman, foram presas.

Para ensinar uma "lição para quem cheirava cola" a polícia levou os sacos com cola e começou a derramar sobre os meninos. Nahaman, o maior dos quatro resistiu as agressões. A polícia jogou Nahaman no chão e o chutou sem parar por alguns minutos. Um dos colegas que estava com ele naquela noite relata: "Eu vi tudo, como ele foi espancado, jogado ao chão, pisado no estômago, chutado, torturado... Depois desta barbaridade os policiais se foram e me acheguei para ver, ele ainda estava vivo, mas não podia se mexer nem nada, nem poderia falar, estava inconsciente".

Nahaman foi levado para o hospital, permaneceu na UTI por dez dias, no dia 14 ele morreu, com seis costelas quebradas, hematomas em 60% do seu corpo e fígado despedaçado.

Em uma batalha dura de quase quatro anos a Casa Alianza, (uma ONG que fornece abrigo e educação para crianças de rua, da qual Nahaman também participou do programa de atividades desta casa), garantiu a condenação dos quatro policiais em 12 anos de prisão e a pagar 830,00 dólares como indenização civil à família de Nahaman. Esta indenização não foi paga nem por eles e muito menos pelo Governo. Para a surpresa da Casa Alianza os culpados foram liberados em agosto de 1996 depois de cumprir apenas pequena parte de sua sentença.

Seu crime? Ser um menino de rua, um sub-humano, sem pedigree, um lembrete preocupante das tendências perniciosas na Guatemala, à mortificante personificação de uma sociedade em decadência, um bode expiatório. 

E, agora morto, um mártir.

Em sua lápide se lê: "Só queria ser uma criança... e não me deixaram".

Texto elaborado por Tonny da Irmandade dos Mártires da Caminhada.

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