Galeria dos Mártires - Pe. Leo Commissari

Pe. LEO COMMISSARI
Mártir das Lideranças de São Bernardo do Campo-SP
S. BERNARDO DO CAMPO-SP * 21/06/1998

Padre Leo Commissari nasceu em Bubano - Itália, em 19 de abril de 1942. Descendente de família religiosa viveu a infância numa situação de pobreza devido a Guerra e o Pós-Guerra. Ordenou-se sacerdote em 1976. Tendo como exemplo o irmão missionário na China Filippo Commissari, chegou ao Brasil em 1970 em Itapetinga - Bahia, onde viveu 7 anos. Voltando à Itália quis envolver o Bispo num projeto de missão diocesana para padres, irmãs e leigos. O sonho se realizou em 1980 quando os Bispos de Ímola e Santo André decidiram um intercâmbio de padres e irmãs "Projeto Igrejas Irmãs". Desde o começo o grupo então formado de 3 padres e 5 irmãs de diferentes congregações da Diocese de Ìmola, escolheram trabalhar na periferia de São Bernardo do Campo.

Enfrentou a resistência da ditadura militar para entrar no País, por causa da forte presença da igreja católica em movimentos grevista no ABCD. Em São Bernardo, se alojou na favela do Oleoduto, na Vila São Pedro, para sentir na pele o sofrimento do povo. Foi ali onde iniciou um trabalho junto à comunidade carente, lutando a vida toda para resgatar os pobres do esquecimento em que a sociedade os deixa.

Construiu uma creche comunitária, orientou ocupações de terra e idealizou um centro de formação profissional que, depois de sua morte, foi a ele dedicado, passando a se chamar Centro de Formação Profissional Padre Leo Commissari.

Era fim de quermesse, 21 de junho de 1998, quando o padre Leo Commissari pegou seu carro e partiu em direção a rua do Oleoduto, em São Bernardo. Na direção contrária da estreita via, um outro veículo o obrigou a parar. Dele saíram um homem e uma mulher armados.

Padre Leo teve tempo de reconhecer o rosto que se aproximava de seu carro e perguntar “Por que irá me matar, Joãozinho?”. O primeiro dos três disparos contra o missionário acabaria com sua trajetória de luta social na periferia de São Bernardo que já durava dez anos.

A descrição da cena do crime foi dada por seu parceiro, também missionário italiano, padre Sante Collina, 69 anos. Quatro anos depois da morte do amigo, padre Sante foi à penitenciária em que o assassino cumpria a pena de 21 anos e repetiu a pergunta“Joãzinho, por que matou padre Léo?”. A resposta foi um silêncio amargo e de cabeça baixa.

“Sabíamos que incomodávamos muita gente grande com nosso trabalho. Éramos muito queridos até por pessoas que tinham envolvimento com tráfico”, contou padre Sante. O missionário lembra que o assassino era vizinho da creche comunitária, onde tinha um ponto de venda drogas.“Atrapalhávamos o negócio dele. Padre Leo não chegou nem a reagir.”

A morte do missionário foi um grande choque para a população que acompanhava seu trabalho, e para a alta cúpula de bispos católicos da Itália.

Abaixo algumas frase do Pe. Leo Commissari:

“O amor a Cristo nos irmão é um amor capaz de ir até as últimas consequências, é um amor capaz de ir até a morte.”

“… estou convencido de que o Senhor nos chama, ainda antes do nascimento e, aos poucos, Ele nos manifesta e nos diz aquilo que quer de nós. Quando nos damos conta de que Ele nos chama a uma consagração plena definitiva, isto constitui apenas o começo de um caminho que devemos perceber dentro da normalidade da vida, vivida na Igreja”.

“… a essência da vida religiosa não está no fato de viver aqui ou em outro lugar, em casa ou no convento, fazer umas coisas ou outras, mas viver tudo por causa de Cristo, como resposta ao Seu amor por nós. E realmente faz-se necessário que haja pessoas que pensem e vivam desta maneira”.
           
“Encontrar Cristo e dedicar a vida a Ele é maravilhoso e extremamente fecundo e fonte de uma alegria que o mundo não conhece; e isto é necessário, no mundo há um desejo enorme disto! Faz-se necessário que o nosso amor a Cristo seja autêntico, no seguimento fiel e disponível a Ele, a fim de que Sua Presença seja visível a todos, como salvação e libertação”.

“A questão do amor e a questão da vocação estão estreitamente ligadas, e esta ligação é misteriosa. Esta ligação é o amor de Deus e o amor de Deus pelo homem. Este amor certamente iluminará o significado da sua vocação, dentro do tempo. É preciso ter paciência, basta esperar um pouco. Alguém ou alguma coisa o iluminará”.     
        
“Todavia sempre permanecerá o mistério e a decisão será sempre sua. Porém, com o tempo, chegará a você esta luz, que o fará compreender o suficiente e escolher com consciência e serenidade… O importante é não perder tempo, viver amando”.

“… sinto-me como uma pessoa que busca uma definição de si mesmo, uma verdadeira expressão, ou talvez mais verdadeira do que vocação fundamental que me atraiu, desde quando era adolescente”.  
   
“Jesus não disse que se deve estudar um código de leis ou de sabedoria, não pediu um aprofundamento da cultura teológica das pessoas, mas orientou para a fé. Um ato muito simples, “Eu confio em você, leve-me para onde quiser”.              

“A nós é pedido que sejamos fiéis até o fim, ao Evangelho, para que estejamos, ao mesmo tempo, ligados a Deus e ao seu povo. Estamos contentes. Não nos faltam a saúde e a alegria. Moramos na favela, mas a nossa barraca é limpa e até confortável na sua essencial pobreza. O trabalho é muito, mas não nos deixamos dominar pelas coisas a fazer. Sempre nos reunimos de manhã cedo para rezar e meditar a palavra de Deus”.

https://www.youtube.com/watch?v=F8vsg4EaH10

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.

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