Galeria dos Mártires - Nahaman Carmona
NAHAMAN GEFTE CARMONA LOPEZ
Morto a pancadas por policiais
GUATEMALA * 14/03/1990
Hoje
lembramos os 25 anos da morte de Nahaman Carmona, uma criança de rua, que foi
brutalmente assassinado na Cidade da Guatemala por quatro policiais: Silvestre Cu Itzep,
Rolando Aguilar Dueñas, Marco Tulio Gudiel e Modesto Hernández Sirin.
Nahaman nasceu
no subúrbio de San Salvador. Por causa da guerra civil no país, teve que se
mudar com o pai e os irmãos Israel e Ruth para a Guatemala. Ali começou a
trabalhar como engraxate nas ruas.
Devido os
maus tratos que recebiam do pai, os três irmãos decidiram sair de casa e foram viver
nas ruas frias da Cidade da Guatemala.
Na noite de
04 de março de 1990, enquanto dormia com outros colegas, na entrada de uma loja
de eletrodomésticos, foram surpreendidos por quatro policiais da Polícia
Nacional que saiam do expediente do quartel e foram em direção às crianças. Um
deles sacou a arma. As crianças correram, mas quatro, incluindo Nahaman, foram
presas.
Para
ensinar uma "lição para quem cheirava
cola" a polícia levou os sacos com cola e começou a derramar sobre os
meninos. Nahaman, o maior dos quatro resistiu as agressões. A polícia jogou Nahaman
no chão e o chutou sem parar por alguns minutos. Um dos colegas que estava com ele naquela noite relata: "Eu vi tudo,
como ele foi espancado, jogado ao chão, pisado no estômago, chutado, torturado...
Depois desta barbaridade os policiais se foram e me acheguei para ver, ele ainda
estava vivo, mas não podia se mexer nem nada, nem poderia falar, estava inconsciente".
Nahaman foi
levado para o hospital, permaneceu na UTI por dez dias, no dia 14 ele morreu,
com seis costelas quebradas, hematomas em 60% do seu corpo e fígado
despedaçado.
Em uma
batalha dura de quase quatro anos a Casa Alianza, (uma ONG que fornece abrigo e
educação para crianças de rua, da qual Nahaman também participou do programa de
atividades desta casa), garantiu a condenação dos quatro policiais em 12 anos
de prisão e a pagar 830,00 dólares como indenização civil à família de Nahaman.
Esta indenização não foi paga nem por eles e muito menos pelo Governo. Para a
surpresa da Casa Alianza os culpados foram liberados em agosto de 1996 depois
de cumprir apenas pequena parte de sua sentença.
Seu crime?
Ser um menino de rua, um sub-humano, sem pedigree, um lembrete preocupante das
tendências perniciosas na Guatemala, à mortificante personificação de uma
sociedade em decadência, um bode expiatório.
E, agora morto, um mártir.
Em sua
lápide se lê: "Só queria ser uma
criança, mas não me deixaram".
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