Galeria dos Mártires - Margarida Maria Alves

MARGARIDA MARIA ALVES
Mártir da Luta pela Terra
ALAGOA GRANDE – PB * 12/08/1983

Memória dos 36 anos de seu martírio.

Margarida Maria Alves nasceu em Alagoa Grande em 05 de agosto de 1933. Mulher forte, camponesa de cerne, de fé profunda, líder no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, PB.

Margarida entrou de cheio no compromisso social na defesa das terras e da dignidade do povo, mesmo frente a todas as ameaças e consciente do alto risco. “Até na hora que se acordava, na cama, relata seu marido Severino, era conversando sobre sindicato, os direitos dos trabalhadores, dos pobres”. “Da luta não fujo”, repetia ela.

- “Não sei quando irão me matar, não sei onde, sei que vão me matar, mas enquanto eu estiver viva, eu lutarei pelos direitos dos trabalhadores”.         

- “Os poderosos estão nos perseguindo. Nós não tememos, e vamos à luta até o fim. Porque é melhor morrer na luta, do que morrer de fome. Fiquem certos, os trabalhadores, de que não fugimos da luta. É mais fácil vocês saberem que nós tombamos, do que saberem que corremos. Os poderosos estão dizendo que estamos invadindo as suas propriedades; invadindo estão eles, invadindo os nossos direitos, invadindo o salário justo. Eles estão negando água e pão, estão fazendo opressão à diretoria e aos trabalhadores. A prepotência nos massacra demais: mas uma certeza eu tenho: que isso não faz a gente esmorecer. Nós não queremos o que é de ninguém: nós queremos o que é nosso. Precisamos nos unir cada vez mais. Sabemos que somente com nossa união e a nossa organização a gente vai conseguir os nossos direitos”.

- “Companheiros, eu quero pedir a vocês, quando voltarem para casa, que se lembrem e rezem por aqueles que estão lutando, enfrentando ameaças, por aqueles que estão lutando, enfrentando o revolver. Nós não podemos calar diante desta multidão”.

Foi assassinada por um matador de aluguel com uma escopeta calibre 12, no dia 12 de agosto de 1983, aos 50 anos; o tiro atingiu o rosto, deformando sua face. No momento do disparo ela estava em frente a sua casa, na presença do marido e dos filhos. O crime foi considerado politico e comoveu não só a opinião pública local e estadual, mas a nacional e internacional, com ampla repercussão em organismos políticos de defesa dos direitos humanos.

Seu testemunho tem feito florescer muitas “margaridas” de consciência e de coragem, sobretudo entre as mulheres lavradoras.

Sua memória e suas Causas continuam vivas nas lutas das mulheres de todo o Brasil.

Companheiras, mulheres de todo Brasil, trabalhadoras do campo, da floresta, das águas, mulheres trabalhadoras das cidades, SEGUEM EM MARCHA!

Se trata da MARCHA DAS MARGARIDAS, que acontece em vários lugares do país.

Mulheres dos diversos cantos deste Brasil; indígenas, quilombolas, extrativistas se põem a caminho por um desenvolvimento sustentável e democrático. Se põem a caminho para a capital federal para dialogar com o governo sobre suas reivindicações.

“Seguimos lutando para fazer o Brasil avançar no combate à pobreza, no enfrentamento à violência contra as mulheres, na defesa da soberania alimentar e nutricional e na construção de uma sociedade sem preconceitos de gênero, de cor, de raça e de etnia, sem homofobia e sem intolerância religiosa. Seguimos denunciando, reivindicando, propondo e negociando ações e politicas públicas que contribuam na construção de um Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”.

“É MELHOR MORRER NA LUTA QUE MORRER DE FOME”.

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.

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