Galeria dos Mártires - Pe. Hermógenes Lópes Coarchita
Mártir do Povo
GUATEMALA * 30/06/1978
Hermógenes Lópes Coarchita, sacerdote guatemalteco, pároco em São José Pinula e fundador da Ação Católica Rural. Tinha 50 anos e há doze anos pároco local. Assassinado quando regressava de uma visita a um doente. Por conta das diversas ameaças de morte, viajava sempre sozinho para não sacrificar a outros.
Estava sozinho quando três homens com pistola 45 e armas de grosso calibre o matou à queima-roupa. Seu corpo metralhado caiu sobre a Bíblia, dentro da pick-up em que viajava. Os moradores encontraram seu corpo perfurado de balas na estrada. Tomados de dor e indignação levaram o corpo ensanguentado e o colocaram sobre o altar, no qual tantas vezes ele compartilhou com o povo, o pão e a palavra.
As causas de sua morte são muito clara: Hermógenes denunciou a forma brutal de recrutar jovens para o serviço militar dizendo: "Respeitem a dignidade dos jovens camponeses e não os maltratem nem os levem forçados para preencher os números dos quartéis".
Opôs-se ao projeto da grande empresa AGUAS S.A. que deixaria sem água os camponeses, e a eles disse: "Não é lícito que vocês levem a água dos camponeses para vendê-la na capital"; protestou pelo alto custo do leite; denunciou a "campanha de vacinação", que não era senão uma campanha de esterilização das mulheres, e disse às autoridade do país: "A esterilização em massa é um desrespeito à dignidade e aos direitos das pessoas".
Todas as suas denúncias nada tinham de arrogância. Falava em nome do Evangelho, com profunda humildade, sem interesse próprio, falava como amigo dos pobres.
Apesar das constantes ameaças de morte, Hermógenes afirmou: "Se minha missão é dar a vida, assim farei. Mas nunca deixarei de lutar pelas causas que defendo". Em meio ao clima de violência vivido na Guatemala, dissera apenas cinco dias antes de morrer: "Se for necessário o sangue de um de nós para que haja paz, estou disposto a derramar o meu".
Em seu funeral estiveram presente 4.000 camponeses vindos de até 350km de distância. Muitos camponeses ficaram fora, sob a chuva durante as duas horas que durou a celebração presidida por diversos bispos e 50 sacerdotes. "O Padre Hermógenes foi um profeta. Morreu como morrem os profetas: assassinado... Ele clamou como João Batista: Não te é lícito... E por isso o mataram", disse um companheiro sacerdote. E um camponês afirmou: "Sentimos no coração o desaparecimento de nosso pastor... Ele estava conosco para solucionar os problemas do povo".
O Padre Mário Matamoros, reitor do seminário da Guatemala, visitou o Pe. Hermógenes no domingo antes de seu assassinato. Nessa oportunidade haviam conversado muito. Padre Mario dá este testemunho: "Hermógenes era um sacerdote simples e calmo. Quando denunciava algo é porque ele acreditava que o Evangelho não deixava outra alternativa. Disse-me que estava preparado para o que desse e viesse".
Pe. Hermógenes dedicou seus vinte e cinco anos de sacerdócio em defesa dos mais pobres.
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada,
a partir de leitura dos livros: Sangue Pelo Povo e Martírio, memória perigosa na América Latina hoje.
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