Dom Waldyr Calheiros Novaes (Murici, 29 de julho de 1923 - Volta Redonda, 30 de novembro de 2013)

Dom Waldyr Calheiros Novaes (Murici, 29 de julho de 1923 - Volta Redonda, 30 de novembro de 2013)
Texto de Arthur Torres Neto



Assim que chega as portas do Céu, Emocionado Pedro vem até a entrada e diz : "Waldyr, Waldyr, meu amigo Didi, que bom que você chegou. aliás, você demorou até demais hein Didi? mas vamos ao que interessa. Tome a chave do teu quarto, descanse, a viagem foi longa.

Se importa residir ao lado do cardeal que chegou aqui há pouco tempo? sabe como é né, linhas diferentes, atitudes e formas diferentes de ver esse lugar aqui lá em baixo ne? acho até que aqui vai melhorar o clima aqui, pois só tem chegado o pessoal sem novidade aqui, enjoados, cheios de frescuras.

Tem uma gente que vem lá de baixo e cisma que aqui a gente entende Latim e gosta de dar ordens. Mas você sabe né, Didi, o céu é para todos. Mas fique a vontade Didi, a noite faremos um jantar pra recebe-lo. Será uma festa sem dúvida. Olha só os convidados: Margarida Alves, Josimo, Ezequiel Ramin, aqueles três operários que você conhece muito bem lá de Volta Redonda, seus velhos amigos Fragoso, Aloísio e Adriano, Alfredinho, Clemente Isnard e creio que Oscar Romero também que anda ocupadíssimo com um reconhecimento que o vaticano esta querendo fazer a ele. Só não teremos presença de freiras, pois estão numa missão essa semana de interceder por alguns povos como Filomena da baixada, Adelaide do Pará, Dorothy de Anapu, Creusa de Labrea e muitas outras.

Enfim, Didi, tempo não vai faltar pra você descansar e rever os grandes amigos da missão. Jesus está muito feliz com tua fidelidade, teu amor aos pobres e tua coerência com o evangelho. VC, Waldyr, combateu o bom combate e merece a coroa da justiça."
Ontem, no segundo dia já desfrutando das alegrias do céu, acompanhado de Dom Helder Câmara, Waldyr saiu a procura de amigos de longa caminhada.

Espertinho, levou uma lista consigo e com a ajuda de Martin Luther King saiu a perambular pelas vielas, ruas e moradias celestes. "Queria muito rever meu amigo Adriano Hipólito, vamos atrás dele?" perguntou Waldyr enquanto avistava lá longe uma linda senhora de branco. "É Mãe Menininha do Gantois" disse Martin Luther king. Waldyr olhou para ela e acenou como que dizendo "axé".... prosseguiu na andança, pois haviam dito a ele que Adriano andava lá pelas bandas onde fica o pessoal conversando e fazendo cirandas.

"Waldyr, você se recorda de Leônidas, aquele pastor do Equador, amigo dos povos indígenas?" "sim, sim, claro...." "Pois então aquela ali é a casa dele, desde que aqui chegou, se dedica aos estudos e a mandar forças para sua igreja de Riobamba. Vamos lá, ele vai gostar de revê lo. Mora numa casa simples, nada de palácios e muitos que aqui chegaram se chocaram com tamanho desprendimento.
Vamos lá." E passaram a tarde juntos: Waldyr, já apelidado de Didi, Helder, Martin e Leônidas. Já pela tarde, tiveram a alegria de avistar lá longe Adriano, com seu hábito surrado, careca inconfundível e meio sem jeito dançava no meio de um monte de gente na sua maioria nordestinos e nordestinas que no céu fazem cirandas pra mandar chuva para o sertão.

Lindo encontro, lindo concilio, e juntos recordaram os pactos e alianças que fizeram na terra,   no chão dos pobres. Lembraram do pacto das catacumbas e Martin ouvia tudo com muita admiração, já que não havia participado.

Olhando para os lados, já habituado ao cotidiano do céu, feliz de encontrar todas os amigos de profecia e testemunho, se pergunta: “E meu velho amigo Fragoso, pastor da Igreja de Cratéus, por onde será que anda”.
Vives com padre Alfredinho há umas léguas daqui, e pelo que fiquei sabendo acaba de chegar Veva, irmãzinha de Jesus que vivia com os índios Tapirapés.

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