Galeria dos Mártires - Massacre do Carandiru
MASSACRE DO CARANDIRU
SÃO PAULO - SP * 02/10/1992
Na sexta-feira 2 de outubro de 1992, José Ismael
Pedrosa, diretor da Casa de Detenção (Prisão Estadual), de São Paulo telefonou
para o secretário de Segurança do Estado, Pedro Franco de Campos para
informá-lo de que uma rebelião eclodiu no Pavilhão 9 da prisão. Pouco mais de
uma hora depois, Campos deu a seguinte ordem ao chefe oficial da polícia
militar na prisão, Ubiratan Guimarães, "Você vai até local fazer uma
avaliação e faz o que tem que ser feito". Assim começou o que viria a
ser o massacre mais sangrento de todos os tempos em uma prisão brasileira.
Mesmo que às 18:00h o Governador do Estado, Antonio
Fleury Filho, ter sido informado de que pelo menos, 90 presos haviam sido
mortos, todos os boletins de notícias oficiais durante as próximas 24 horas
falou sobre a morte de apenas 8 prisioneiros. De acordo com repórteres de
polícia, essa distorção no lançamento oficial de notícias deve-se ao fato de
que o sábado dia 3 era o dia da eleição no Brasil para prefeito e vereadores.
De acordo com essas fontes, a gravidade da notícia
não foi atualizada de modo a não prejudicar nas votações para as eleições
municipais. No sábado à noite, foi informado o número de 111 presos mortos, 110
feridos e a queda do então secretário da Segurança Pública, Pedro Franco de
Campos.
No dia seguinte ao massacre, entidades de direitos
humanos condenaram em alto e bom som o massacre e aqueles que foram
responsáveis por isso. De acordo com o Movimento Nacional de Direitos Humanos
(MNDH), o "crime (massacre) é uma
vergonha para o Brasil e constitui um genocídio e crime coletivo que nos lembra os momentos mais sinistros da história brasileira".
A nota do MNDH passou a afirmar que a vida é um
valor fundamental a ser preservado em todas as circunstâncias e que os
responsáveis pelo massacre devem ser identificados e punidos, e que o massacre
"mostra de forma clara a maneira como a sentença de morte fora do sistema
legal é executado no Brasil com a participação ativa e apoio de algumas
autoridades".
De acordo com a Associação dos Advogados de São
Paulo (OAB/SP), o que realmente aconteceu foi um massacre premeditado em que os
prisioneiros eram sumariamente executados em suas celas e nos corredores. A OAB
fez esta declaração depois de uma visita de representantes da organização na
prisão. E ainda afirmou que os prisioneiros não mantinham nenhum refém e
não tinham nenhum plano de fuga. Afirmaram que em uma das celas, foram
encontrados os corpos de 10 presos. Um dos prisioneiros contou que viu um
colega ser baleado enquanto ele estava com as mãos na cabeça e que os outros
presos foram baleados enquanto eles carregavam os corpos de seus colegas mortos.
A declaração de protesto do cardeal de São Paulo na
época, Dom Paulo Evaristo Arns, continha o seguinte comentário: "Durante o
período do mandato do atual Secretário (a Secretaria de Segurança Pública,
Pedro Franco de Campos) aconteceu as coisas mais horríveis que eu já vi
em meus 26 anos e meio como bispo de São Paulo".
Alguns dos policiais presentes no massacre e o
diretor da prisão foram temporariamente afastados das suas funções pelo
Governador do Estado, Antonio Fleury Filho, à espera de uma consulta a ser
realizada.
O julgamento foi dividido em quatro etapas, cada
uma tratando de um andar diferente da prisão.
Em abril de 2013, 23 oficiais
foram considerados culpados de matar 13 presos no primeiro andar. Foram
condenados a 156 anos cada. Em agosto, outros 25 policiais foram dadas 624 anos para cada um pela morte de 52 detentos no segundo andar e 10 policiais da tropa de
choque foram considerados culpados de matar a tiros oito presos e condenados a
mais de 90 anos.
A severidade das penas reflete o choque que o
público brasileiro sentiu quando a notícia das mortes se espalhou. No entanto,
a duração das penas de prisão foram em grande parte simbólica porque no Brasil
ninguém fica mais de 30 anos na prisão.
O oficial que comandou a operação policial, o Cel.
Ubiratan Guimarães, foi condenado em 2001, pelo uso de força excessiva, mas
depois foi absolvido em segunda instância.
Um tribunal no Brasil condenou 15 policiais para
longas sentenças de prisão por provocar o motim que teve como consequência o
massacre. O juiz condenou cada um a 48 anos de prisão por causa do conhecido
"massacre do Carandiru".
O Presídio do Carandiru foi demolido em 2002 e transformado em um
parque, com o nome PARQUE DA JUVENTUDE.
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