Galeria dos Mártires - Chico Mendes

CHICO MENDES
Mártir da Floresta
XAPURI - AC * 22/12/1988

“A história de Chico Mendes já é parte da história da Floresta Amazônica e seus povos.  Ele tornou-se um marco de mobilização em favor da justiça social e da preservação da natureza.  Como a porunga que ilumina as estradas de seringa na mata, Chico apontou novos caminhos para os movimentos populares”.
Os seringueiros chegaram na Amazônia no final do século passado como mão de obra para produção da borracha.   A partir dos anos 70, com a entrada de fazendeiros no Acre, os patrões antigos abandonaram os seringais após vende-los às empresas do sul, e surgiram nessas áreas os “Seringueiros libertos” que continuaram em suas florestas, vendendo agora livremente e organizadamente seu produto.  Esses seringueiros foram a base dos sindicatos de Xapuri e de Brasiléia, e posteriormente do Conselho Nacional dos Seringueiros. 

Francisco Alves Mendes Filho, ou Chico Mendes, tinha completado 44 anos no dia 15 de dezembro de 1988, uma semana antes de ser assassinado, na porta de sua casa.  Casado com Ilzamar,  deixou dois filhos: Sandino de 2 anos e Elenira de 4 anos.  Acreano, nascido no seringal Porto Rico, em Xapuri, se tornou seringueiro ainda criança, acompanhando seu pai.  Lutador e líder seringueiro foi toda a sua vida, no sindicato, na política, pelos meios de comunicação social. Em outubro de 1985 lidera o primeiro encontro nacional dos seringueiros quando foi criado o Conselho Nacional dos mesmos.  E Chico passa a ser uma referência nacional e internacional, de admiração por parte de todos os militantes da justiça social e da ecologia, e de ódio por parte de todos os destruidores  da vida do povo e da floresta.   Entre muitos prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais, recebeu o prêmio “Global 500” , oferecido pela própria ONU.


Recolhemos aqui palavras de Chico Mendes:

“Eu não posso fugir. Me sentiria um covarde se fizesse isso. Meu sangue é o mesmo destas pessoas que sofrem aqui.
        Os seringueiros precisam ficar unidos, de forma que a morte de uma pessoa não mate a força viva de sua luta. Depois da morte, nós somos inúteis. As pessoas vivas realizam coisas, os cadáveres, não.

        Somos contra a devastação causada pelo mau planejamento que tem tomado conta da Amazônia sem a participação das pessoas que vivem lá. A pecuária, economicamente, nada trouxe à região. Ela só serve para concentrar a terra na mão de poucos. Minha esperança é que os governos dos povos que dão dinheiro ao BID ouçam as reclamações dos seringueiros. Senão, a floresta certamente será destruída”.


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